Hospital de Santarém tem 117 doentes internados nas Urgências muitos em macas de bombeiros e cadeirões (com Fotos)

8 Janeiro 2024, 14:51 Não Por João Dinis

O Serviço de Urgência do Hospital Distrital de Santarém (HDS) está a atingir o ponto de rotura, não só pelo número de pessoas que ali se deslocam para receber tratamentos hospitalares, como pelo estado de cansaço e saturação dos profissionais, que para assegurar cuidados de saúde aos doentes e auxiliar os colegas se desdobram em turnos e em horas extra.

Uma fonte do Hospital de Santarém revelou ao NS que ao final da manhã desta segunda-feira, 8 de janeiro, estavam 117 doentes internados no Serviço de Urgência, muitos deles com poucas condições, estando acamados em macas dos bombeiros e cadeirões.

Nos últimos dias, revelou a mesma fonte, o número de internados na Urgência tem sido sempre superior a 100, sendo que também os andares das áreas de medicina se encontravam lotados, com doentes nos corredores.

Ao que o NS apurou, os doentes estão a ser colocados, não só nas áreas cirúrgicas, como também nos corredores e locais que dificultam a mobilidade aos profissionais de saúde que ali desempenham funções.

A mesma fonte revelou ainda ao NS que o Hospital de Santarém tem estado a recusar doentes emergentes, por falta de médicos em muitas especialidades, mas também por falta de enfermeiros, que se vão desdobrando em turnos, com o objetivo de manter em níveis mínimos o apoio dado aos doentes que chegam à unidade hospitalar.

“Há doentes urgentes que entram no hospital e estão a ficar para trás”, denuncia a nossa fonte, que lamenta que os casos não estejam a receber a atenção que mereçam, podendo mesmo ver algum doente “menos grave” passar à frente de casos de maior gravidade.

“Há doentes internados uma semana na urgência”, lamenta ainda, acrescentando que a urgência só funciona ainda porque o pessoal se desdobra, “mas não sabemos até quando”, havendo mesmo profissionais que se sentem em rotura física e psicológica, que em breve podem ter também que abrandar o seu ritmo de trabalho.

Contactada pelo NS, a Unidade Local de Saúde da Lezíria (ULS Lezíria), que integra o Hospital Distrital de Santarém e os Centros de Saúde da Lezíria do Tejo, esclarece que a situação verificada no HDS é semelhante à vivida a nível nacional e que “perante o total preenchimento das camas de internamento do Departamento Médico do Hospital, o Conselho de Administração teve necessidade de acionar o nível máximo do plano de contingência, com a implementação de diversas medidas, entre as quais a distribuição dos doentes pelos espaços mais adequados para o efeito, incluindo estrutura modular que dispõe, de modo a prestar os melhores cuidados de saúde; suspensão da atividade cirúrgica programada (à exceção da urgente e oncológica) e reforço das equipas de enfermagem.”

O HDS desmente ainda que não esteja a receber doentes emergentes, confirmando no entanto que solicitou essa ação ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), mas “devido ao excesso de doentes na urgência, a ULS da Lezíria foi informada que os restantes hospitais também estão com constrangimentos.”

“Neste momento, estão internados um total de 295 doentes pela Medicina Interna, o que representa uma taxa de ocupação de 200,68%”, informa o HDS, sem no entanto confirmar quantos doentes estão internados no Serviço de Urgência. 

“Perante a elevada afluência às urgências, a ULS da Lezíria reforça a importância de a população seguir as recomendações da Direção-Geral da Saúde para as temperaturas frias e perante sintomas gripais, assim como de utilizar a Linha de Saúde (808 24 24 24) antes de se deslocar aos serviços de urgência”, conclui o HDS.

Retenção de macas dificulta bombeiros

Muitas corporações de bombeiros estão a ter dificuldade em garantir o socorro em virtude de estarem a ficar sem macas para equipar as ambulâncias.

Nos últimos dias muitas corporações de bombeiros têm feito chegar ao NS relatos de que têm macas retidas e com isso algumas ambulâncias estarem paradas sem poderem prestar socorro à população.

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