Hospitais de Vila Franca de Xira e Santarém acolhem 60 idosos “abandonados” pela família

18 Janeiro 2024, 15:34 Não Por João Dinis

Numa altura em que as camas de internamento nos hospitais se encontram em grande rutura e que as urgências estão a servir de áreas de internamento, os hospitais que servem a Lezíria do Tejo têm cerca de 60 pessoas em “internamento social”, ocupando vagas que seriam imprescindíveis a outros doentes, na sua maioria por “abandono” verificado por parte de familiares.

O Hospital mais afetado pelos denominados “internamentos sociais” é o de Vila Franca de Xira, onde de acordo com a unidade hospitalar, se encontram 50 pessoas que “aguarda resposta de enquadramento social ou familiar”.

A faixa etária predominante dos utentes que já tiveram alta hospitalar, fruto da sua melhoria clinica e aguardam uma resposta para que possam sair da unidade hospitalar “está acima dos 80 anos de idade”.

“A ULS do Estuário do Tejo tem recorrido a camas de retaguarda para aliviar a pressão causada pela ocupação de camas por utentes já sem critérios clínicos, de forma a disponibilizar as camas hospitalares para doentes”, acrescenta a nossa fonte.

No Hospital Distrital de Santarém (HDS) são dez os utentes nessa condição, sendo que a unidade esclarece que “as situações de protelamento mais prolongado reportam-se a doentes que aguardam integração em ERPI, pela Segurança Social, com uma espera de meses.”

Em Santarém “a maioria dos doentes são idosos, à exceção de três doentes, com idades compreendidas entre os 20 e os 55 anos.”

O HDS referiu ainda que muitos dos casos que ficam em “internamento social” não dizem respeito diretamente a “abandono familiar”, podendo enquadrar-se em diversas situações como doentes que aguardam entrada em ERPI, Cuidados Continuados ou utentes que aguardam reorganização da família, que muitas vezes necessita de adaptar a habitação à chegada do familiar.

Fonte do HDS refere ainda que a integração de doentes/utentes em Estruturas Residenciais Para Idosos (ERPI), por via da Segurança Social é bastante complicado, e nem o facto da “Equipa de Serviço Social manter regularidade na insistência junto da Segurança Social, do Ministério Público e das famílias, na tentativa de acelerar os processos, e internamente procura sensibilizar as Equipas Clínicas para a sinalização precoce dos doentes, de forma a iniciar atempadamente o processo de intervenção social adequado, às especificidades de cada doente”, impede que a situação ocorra com frequência.

“A intervenção do Serviço Social é um desafio constante perante duas realidades incontornáveis, por um lado, há que promover a saída dos doentes dos hospitais, e por outro lado, há que garantir e promover essa saída, com a garantia de que foram asseguradas as condições de apoio social e a satisfação dos cuidados de saúde necessários”, salienta o HDS.

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