Grupo Herêra dinamiza “Cemitério dos Livros Esquecidos” para fomentar troca de livros no Cartaxo

“Abre a porta, Guardião!” são as palavras mágicas que dão acesso ao Cemitério dos Livros Escondidos, um espaço “secreto” que visa “fomentar a leitura e a partilha de livros, numa espécie de livraria circular”, explicou ao NS Ana Bernardino, do Grupo Herêra. A iniciativa do grupo cultural, sedeado na Ereira, concelho do Cartaxo, realizou-se na Biblioteca Marcelino Mesquita, no Cartaxo, na tarde de sábado, 21 de Outubro.

Baseada na série de obras do escritor espanhol Carlos Ruiz Zafón, “Cemitério dos Livros Esquecidos”, a iniciativa criou um espaço que a população cartaxense pôde visitar e levar um livro para trocar por outro. Na série de obras, que tem lugar durante a ditadura espanhola de Franco, em que vários livros eram proibidos e queimados em praça pública, o cemitério era um espaço a que apenas uma restrita lista de pessoas podia aceder, após passarem por uma iniciação, onde se guardavam algumas dessas obras proibidas.

“Os livros são onde podemos ir buscar a informação sem estar já mastigada, como está na internet, e que nos obrigam a pensar”, refere Ana Bernardino, acrescentando que a leitura é um hábito que se está cada vez a perder mais, especialmente desde que a internet e as redes sociais dominaram o panorama da humanidade.

Carlos Lima, outro dos organizadores da iniciativa e membro do Grupo Herêra, considera que tem que haver mais incentivos à leitura, especialmente junto dos jovens, considerando que as escolas e as bibliotecas podem ter um papel fulcral.

A iniciativa tem também outro objectivo, além do incentivo à leitura e à troca de livros. Angariar dinheiro para requalificar o coro alto da igreja matriz da Ereira. Ana Bernardino explica que as madeiras estão a apodrecer e está em risco de queda, e que o grupo fez a sua missão angariar os mais de cinco mil euros necessários para a empreitada. Anteriormente o grupo conseguiu angariar dinheiro para financiar a recuperação do torreão da igreja que “estava muito danificado, com rachas visíveis e em risco de queda”.

Para angariar estes fundos o Grupo Herêra realiza, todos os anos várias iniciativas como a Livr’eira, no Centro Cultural do Cartaxo, “Há feira no adro”, junto à igreja da Ereira, entre outras.

Bibliotecas estão fora de moda e precisam de mais dinamismo

Quem o diz é Ana Bernardino, acrescentando que a escolha para a realização da iniciativa, que vai na segunda edição, recaiu na biblioteca Marcelino Mesquita exatamente para criar mais dinâmica e tentar chamar mais gente à biblioteca. “Nas bibliotecas não há distinções, entra o rico e entra o pobre”, refere ao NS, para ilustrar a ideia que qualquer pessoa pode ter acesso a livros através de uma biblioteca, de forma gratuita.