Gabriel Palhais vai voltar a vestir a pele do Capitão Salgueiro Maia na peça “Esta é a Madrugada que Eu Esperava”

23 Abril 2024, 17:02 Não Por André Azevedo

Gabriel Palhais de 25 anos, é o actor que veste a pele do Capitão Salgueiro Maia na peça “É Esta a Madrugada que Eu Esperava”, que subirá ao palco na noite de 24 de Abril, em plena Escola Prática de Cavalaria de Santarém (EPC), de onde partiu a coluna militar que rumou a Lisboa com a missão de acabar com o regime fascista, na madrugada de 25 de Abril de 1974.

Não é a primeira vez que o jovem actor, natural de Vila Nova da Barquinha, interpreta aquela que é uma das maiores figuras da Revolução dos Cravos. Começou a desempenhar o papel com 18 anos, quando ainda frequentava o curso de Artes do Espetáculo na escola Ginestal Machado em Santarém – rumo que seguiu por não haver vagas no curso de Hotelaria noutra escola do concelho.

“Muitas das pessoas que vêm ver este espetáculo conviveram com ele no dia-a-dia. É um orgulho enorme para mim poder fazer este personagem”, acrescentando ainda que das primeiras vezes que deu vida a Salgueiro Maia teve algum medo pela história que carregava aos ombros.

É a segunda vez que o espetáculo vai a cena nos terrenos da EPC. A primeira vez, em 2017, foi um espetáculo de teste. “Estávamos à espera de 200 ou 300 pessoas e de repente apareceram quase 2000. Pisaram os cabos e ficámos sem som. Foi um caos a nível técnico porque não estávamos à espera de tantas pessoas”, relembra o protagonista.

Pisar o mesmo espaço que os reais protagonistas desta história é para Gabriel Palhais motivo de máximo respeito. “Saber que estamos no mesmo sítio que numa noite mudou a história do nosso país há um respeito e uma energia que paira no ar”, vinca.

Com um elenco constituído na sua maioria por jovens do curso de Artes do Espetáculo da Ginestal Machado, entre outros actores mais velhos, Gabriel Palhais nota que há um distanciamento grande da importância do 25 de Abril. “Quando partilhamos alguma coisa do 25 de Abril parece-lhes uma história dos livros, que se construiu. Parece inacreditável para eles que as mulheres eram apanhadas na rua à noite e eram presas pela PIDE porque era consideradas prostitutas ou estavam a fazer coisas contra o regime. Não é uma realidade assim tão presente para eles”, confessa.

Até para o próprio, que está no universo deste espetáculo desde os 18 anos, ainda diz que há histórias do tempo da ditadura que o deixam surpreendido.

A peça sobe a palco na Escola Prática de Cavalaria a 24 de Abril, a partir das 21h30. A encenação é de Rita Lello, a partir do texto do Coronel (à altura Capitão) Correia Bernardo, que conta na primeira pessoa os acontecimentos que precederam a saída da coluna militar rumo a Lisboa.

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