Furadouro volta a ser inundado de jacintos e Verdes pedem acção rápida da Câmara de Mora

O Partido Ecologista Os Verdes (Verdes) dirigiu esta semana uma carta aberta à Presidente da Câmara Municipal de Mora, alertando para a necessidade urgente da tomada de medidas por parte do município, tendo em conta a “preocupante proliferação de jacintos-de-água” no leito do Açude do Furadouro.

Os Verdes, que alertaram também os membros da Associação dos Amigos da Natureza de Cabeção, com quem reuniram demonstram assim uma “grande preocupação com este atentado ambiental que é a proliferação desta invasora aquática tão resistente.”

No entendimento do partido ecologista, a proliferação do jacinto-de-água está a constituir-se como uma ameaça ambiental grave para os cursos de água do país, exigindo-se medidas efectivas de controlo mesmo que as intervenções sejam difíceis e onerosas pois as operações de remoção desta espécie são sobretudo mecânicas ou mesmo manuais.

“Perante esta gravidade ambiental exige-se uma ação concertada a nível nacional para o controlo e remoção”, salienta o partido, ganhando essa acção urgência pois atravessamos uma época de seca, em que os distritos a Sul são os mais afectados, pelo que entendem ser “urgente que se tomem medidas de gestão dos recursos hídricos para que não seja tarde demais.”

A carta aberta dirigida a Paula Chuço alerta para a necessidade de uma actuação urgente por parte do município para pressionar o ICNF, visto que existem verbas no Fundo Ambiental que podem financiar as operações de remoção do jacinto-de-água com o apoio técnico e especializado, que devem iniciar-se o quanto antes.

O Partido Ecologista Os Verdes considera absolutamente imprescindível que o Município de Mora responda às preocupações da população e das associações ambientais locais, relativamente a este grave problema ambiental, e que divulgue que plano ou que medidas foram tomadas junto do ICNF ou do Ministério do Ambiente e da Acção Climática para que seja salvaguardada a qualidade da água, a biodiversidade local e para que o Açude do Furadouro continue a ser um local seguro para o usufruto da população e dos projectos agrícolas. 

O jacinto-de-água (Eichhornia crassipes) é considerada uma das plantas invasoras aquáticas mais problemáticas e mais resistentes do mundo, afectando em particular o nosso país. O Decreto-Lei n.º 92/2019, de 10 de Julho, define espécie invasora como uma espécie exótica cuja introdução na natureza ou propagação num dado território ameaça ou tem um impacto adverso na diversidade biológica e nos serviços dos ecossistemas a ela associados. Oriundo da América do Sul, o jacinto-de-água tem uma enorme capacidade de reprodução vegetativa, a partir de rizomas ou pequenos fragmentos, ou através da grande produção de sementes, que são viáveis por 20 anos.

O Açude do Furadouro que se localiza na Ribeira do Raia foi construído com o objectivo de encaminhar a água para o Canal do Sorraia. Este Açude em conjunto com o Açude do Gameiro, regulam o caudal da Barragem do Maranhão e servem para alimentar os canais de rega do Vale do Sorraia, mas para além de armazenar água, serve também para recreio e para a prática de alguns desportos, tais como, a pesca e o mergulho e existe uma zona que também pode servir de praia fluvial.

Os Verdes consideram que a proliferação de jacintos-de-água está a reduzir a biodiversidade endógena e a comprometer o equilíbrio do ecossistema, igualmente com grandes repercussões a nível económico, social e cultural.

Recorde-se que a 4 de Setembro de 2019, o então Ministro do Ambiente e Acção Climática, João Matos Fernandes, esteve no Açude do Furadouro, onde apresentou um programa de acção contra a praga de jacintos de água, num documento que nunca saiu da gaveta, tendo sido os municípios e a Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sorraia as únicas entidades que efectuaram algumas limpezas, sobretudo no rio Sorraia.