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“Formar homens e mulheres com valores corretos” é o principal objetivo do Vitória Clube de Santarém 

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Santarém é a casa de uma das instituições do futsal português, o Vitória Clube de Santarém. Nascido, oficialmente, a 11 de agosto de 2005 é atualmente o segundo clube a nível nacional com mais atletas inscritos na modalidade, contando nas suas fileiras com 255 atletas (202 masculinos e 53 femininos) distribuídos por todos os escalões. 

O NS foi conhecer o trabalho do Vitória Clube de Santarém, um dos clubes mais emblemáticos da capital ribatejana. À chegada à sede dos albicelestes escalabitanos, junto às Piscinas Municipais do Sacapeito, em Santarém, foi o presidente do clube, António Pardelhas, que abriu a porta ao NS. A sede, embora modesta, mostra a dimensão que o clube atingiu, com as paredes forradas a taças que representam os mais de 200 títulos que o clube já conquistou. À vista saltam também as dezenas de cachecóis que simbolizam os encontros com equipas históricas do futsal português, como Benfica, Sporting, Elétrico de Ponte de Sor, entre outras. 

Apesar de ter sido registado em 2005, o Vitória Clube de Santarém já existia praticamente há uma década, explicou António Pardelhas. De uma maneira informal, a disputar torneios de futsal concelhios ou interescolas, o clube foi crescendo e deu-se o passo para a formação oficial.  

Criado com “prata da casa”, como refere carinhosamente o presidente, a estrutura diretiva é composta por antigos atletas, pais e encarregados de educação dos jovens que militam no clube. Essa linhagem pode ser vista até no escalão máximo, os séniores, onde quase todos os jogadores fizeram a caminhada integral pelos escalões do Vitória de Santarém. 

“Só temos três atletas que não começaram nos petizes do Vitória”, afirma António Pardelhas com um orgulho notório na voz. 

O Vitória de Santarém é também um dos pioneiros na promoção do futsal feminino em Portugal, com as primeiras equipas a remontarem a 2007. A modalidade teve um hiato, mas regressou em força e conta com atletas em todos os escalões, da formação aos seniores. No distrito de Santarém contam-se pelos dedos das mãos os clubes com equipas femininas de futsal. Essa escassez levou à criação do campeonato interdistrital, numa parceria das Associações de Futebol de Santarém e de Castelo Branco, que padecia da mesma escassez. É neste campeonato que as atletas do Vitória competem.  

O crescimento exponencial do Vitória de Clube de Santarém tem como culpado, segundo António Pardelhas, o trabalho que é levado a cabo pelos dirigentes e pelos pais dos atletas, que se dedicam de corpo e alma a levar o clube às costas. A retribuição é dada pelo clube de uma forma que não haverá, certamente, muitos clubes a fazê-lo: não só em títulos desportivos, mas num acompanhamento aos atletas que tem como objetivo incutir valores essenciais de educação e cidadania. 

“Não vivemos para os títulos como muitas pessoas acham”, garante António Pardelhas, acrescentando que a maior vitória é formar bons homens e mulheres e incutir valores para o futuro. 

“Apesar dos resultados muito positivos a nível desportivo, em termos de formação de homens também ficamos muito felizes quando chegamos ao fim de diversas épocas e temos a sensação de que fizemos um excelente trabalho em relação àquilo que é educar, formar homens para o futuro”, vinca António Pardelhas. O acompanhamento dos atletas é uma parte do trabalho do clube a que o presidente dá muita importância. Na sede do clube há uma pequena biblioteca e um espaço dedicado ao acompanhamento escolar dos atletas, onde uma professora ajuda os alunos que precisarem desse apoio.  

Quase todos os anos o prémio de mérito escolar da Associação de Futebol de Santarém, em parceria com o McDonalds, é entregue a um atleta do Vitória”, conta António Pardelhas, deixando transparecer, mais uma vez, o sentimento de orgulho nas suas palavras.  

Os pergaminhos da formação de atletas do Vitória Clube de Santarém são visíveis, não só pelos vários títulos conquistados, mas pela quantidade de atletas, tanto nos escalões masculinos como femininos, que têm reforçado as grandes equipas do futsal nacional. 

“Todas as épocas acabam por sair atletas que reforçam o Sporting ou o Benfica”, garante o dirigente. 

Esta qualidade na formação valeu ao Vitória de Santarém a distinção de Entidade Formadora Quatro Estrelas, entregue pela Federação Portuguesa de Futebol. 

Mas nem só de orgulho, qualidade de formação e títulos vivem os clubes. O aspeto financeiro é de extrema importância e isso tem deixado o Vitória de Santarém algo alheado de voos mais altos. Na época transata o clube escalabitano teve quatro equipas a militar nas divisões nacionais, e embora se tenha “honrado os compromissos desportivos, foi uma época muito onerosa para o clube”, lamenta António Pardelhas. As deslocações feitas para o Minho, Algarve e mesmo às regiões insulares fizeram disparar as despesas do clube, e foi preciso mesmo um dos sócios apoiar financeiramente o Vitória para que se conseguisse levar a época até ao fim. 

“Não tínhamos a noção dos gastos do que era termos quatro equipas nos nacionais”, afirma o dirigente albiceleste, relembrando que só o policiamento dos jogos em casa custava aos cofres do clube cerca de 250 euros. 

O presidente lamenta a falta de apoio do tecido empresarial e atribuiu-o ao facto de as empresas do concelho estarem alheadas do trabalho social e na promoção da atividade desportiva do clube. 

Para além do futsal, que é “a paixão do Vitória de Santarém” o clube disponibiliza outras modalidades à população, como Jiu Jitsu, Krav Maga, Iaido, Xadrez, Teqball, aulas de grupo e Boxe. 

Nesta última o clube tem feito uma grande aposta, chegando a contar com cerca de 30 atletas. Para António Pardelhas é uma das modalidades que pode vir a dar cartas de trunfo para o Vitória de Santarém e que o presidente gostava de ver evoluir, até por ser uma modalidade olímpica.  

Apesar da boa relação com a Câmara Municipal, o dirigente lamenta que lhe tenha sido negado o apoio na aquisição de um ringue para a prática da modalidade e por faltar alguma visão, por parte da autarquia, para as potencialidades que o boxe poderá vir a dar ao concelho se for desenvolvido de uma forma positiva. Outra componente desta modalidade é a do apoio social. António Pardelhas admite que têm passado pela modalidade alguma “malta da pesada”, como apelidou, ou seja, alguns dos praticantes tiveram mesmo alguns problemas com as autoridades, mas que desde que ingressaram no Vitória de Santarém mudaram bastante a forma como encaravam a vida, já que encontraram uma espécie de propósito e foi-lhes incutidos valores positivos pelo clube. 

“Quando estão aqui a descarregar energias e a tomarem consciência dos valores e daquilo que representa a prática das artes marciais tornam-se pessoas muito melhores” garante António Pardelhas, que vê também nas responsabilidades sociais do clube perante a comunidade um dos focos de ação. O Vitória é também parceiro de várias escolas na Guiné-Bissau e Costa do Marfim, no continente africano, fornecendo material essencial para a prática desportiva, como equipamentos, chuteiras ou bolas. 

Episódio com Mação FC manchou a reputação do futsal no distrito 

O Vitória de Santarém esteve no centro de uma polémica que ecoou nos jornais desportivos nacionais e internacionais, no final da época de 2023/2024, depois de ver o campeonato distrital de séniores ser conquistado pelo Mação FC, num jogo no mínimo insólito, ao vencer o Benavente por 60-0. Ressalva-se que a equipa benaventense se apresentou apenas com três elementos em campo. 

António Pardelhas relembrou este episódio mostrando tristeza pela falta de lealdade dos dois clubes para com a verdade desportiva.  

“Não é isso que nós devemos, enquanto dirigentes e enquanto clubes, transmitir aos nossos atletas. Temos que transmitir respeito, dignidade, humildade e, acima de tudo, termos a noção que se não fizermos tudo com lealdade alguém vai ser prejudicado” lamentou o dirigente associativo, deixando algumas críticas à forma como se instrumentalizaram os atletas dos clubes “apenas para atingir resultados”.  

“Pessoas que estão no desporto com outros intuitos que não seja a formação desportiva ou a prática do desporto, não devem cá estar”, vinca. 

Ainda assim António Pardelhas refere que são águas passadas e que, embora a relação dos clubes tenha saído algo beliscada, cada um faz o seu trabalho na promoção da modalidade e saúda o trabalho que o Mação FC tem desenvolvido a norte do distrito de Santarém na formação dos jogadores.  

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