Fim-de-semana de finados agravou a crise das floristas

2 Novembro 2020, 16:59 Não Por João Dinis

A pandemia do coronavírus veio trazer a crise a diversos ramos da economia, sendo que o ramo da floricultura foi um dos mais afectados.
Com o cancelamento de diversas actividades, muitos dos produtores e vendedores tinham esperança que o fim-de-semana de “finados”, desse algum alento à actividade, facto que não se verificou, dada a grande ausência de pessoas dos cemitérios.

Este domingo, 1 de Novembro, à porta do Cemitério de Coruche o desalento abateu-se na vendedora que ali se encontrava, depois desta constatar que o número de visitantes ao espaço era bastante reduzido, cumprindo assim as solicitações do Governo e município, que apelavam a que as pessoas evitassem as idas aos cemitérios, de modo a evitar ajuntamentos, facto que levou a que muitas das flores não saíssem da água onde se encontravam.

“Este ano está a ser terrível e muito complicado…”, referiu-nos Florbela, que apesar de ser funcionária de uma estufa do concelho de Salvaterra de Magos, que há muitos anos realiza a sua actividade em Coruche, conhece bastante bem o mercado local.

De acordo com o relato da vendedora que ali marcou presença, “este ano venderam-se menos de um terço das flores que normalmente se vendem nesta altura”, salientou, “não vimos ninguém, estamos bastante tempo sem que nos apareça um cliente”, lamentou.

Questionada sobre se a actividade teria algum apoio governamental, uma vez que é uma das mais afectadas pela crise da Covid-19, foram inúmeros os eventos cancelados e que eram ornamentados com flores, casamentos, batizados, festas, dias festivos, esta referiu-nos que “o estado está a tratar esta actividade como qualquer outra, a empresa pode recorrer aos mecanismos legais como as outras empresas, não existe um apoio específico para a nossa actividade”.

São muitas as flores que vão agora directamente para o lixo, as que não se vendem não podem também ter outra finalidade, ainda que “este ano se tenha plantando muito menos, parece que ainda foi muito”, afirmou a vendedora, “as pessoas têm medo e não veem, mas a verdade é que existem condições, a Junta de Freguesia tomou todas as precauções”, lamentando assim a ausência de clientes.

No Vale do Sorraia todos os cemitérios estiveram de portas abertas, ainda que com algumas medidas restritivas, como limitação de tempo e de número de pessoas por campa, que eram vigiados pelas Juntas de Freguesia, não havendo registo de nenhuma situação em que fosse necessária a intervenção de autoridades no local.

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