Fenómeno extremo deixou rasto de destruição entre Campo de Tiro e Almeirim

29 Maio 2023, 17:29 Não Por Redacção

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) registou na passada semana um fenómeno meteorológico denominado downburst, resultante de condições meteorológicas no território do continente que foram condicionadas pela presença de uma depressão centrada a sul da Península Ibérica, com expressão em altitude, que transportava na sua circulação uma massa de ar com instabilidade disponível até níveis elevados da troposfera e razoável conteúdo em humidade, sujeita aos efeitos do aquecimento diurno por radiação e da orografia.

Segundo o IPMA, o fenómeno resultou em larga medida, de processos de evaporação e sublimação de gotas de água e pedras de granizo, respetivamente, ao longo do seu trajeto de descida, em ar seco, para a superfície.
Devido a estes processos sofridos ao longo do trajeto, o ar perde bastante calor e torna-se mais frio do que o das vizinhanças, logo mais denso (mais pesado), e tende a organizar-se em correntes descendentes, frequentemente bastante vigorosas. A queda das pedras de granizo e de gotas de grande dimensão também terá contribuído para acelerar as correntes descendentes produzidas. Estas, ao propagarem-se em níveis mais baixos e encontrarem o solo, acabam por divergir e propagar-se junto à superfície, onde podem produzir vento muito forte. O impacto deste tipo de fenómenos pode ser muito diferente em áreas relativamente próximas, uma vez que a direção segundo a qual as nuvens de trovoada se deslocarem determinará o rumo em que o vento será efetivamente mais forte.

No passado dia 22 de maio, o IPMA detetou esse evento meteorológico na estação do Campo de Tiro na freguesia de Samora Correia, sendo que no dia seguinte “chegaram ao IPMA diversos relatos de episódios de vento muito forte respeitantes ao período da tarde, nomeadamente relativos à região da Lezíria do Tejo (Benfica do Ribatejo e Almeirim) e da Grande Lisboa ( Vila Franca de Xira, Parque das Nações/Lisboa), entre outros locais.”

De acordo com o IPMA, foi também registada uma sequência de observações de refletividade e velocidade Doppler (velocidade em relação à tempestade) efetuadas pelo radar de Coruche/Cruz do Leão (C/CL) que permitiu identificar a assinatura de divergência associada a um destes fenómenos, entre o instante aproximado da sua formação e o momento em que afetava a estação de Alcochete, no dia 22.

“Em face dos ingredientes atmosféricos presentes, muitos outros locais do território (em especial nas regiões do centro e sul) foram afetados por fenómenos deste tipo”, refere o IPMA, que acrescenta que em cada um desses locais os fenómenos terão gerado vento muito forte, com duração variável consoante os casos e que, em geral, terão sido acompanhados por precipitação forte, por vezes sob a forma de granizo, e de atividade elétrica intensa.

Um pouco por toda a região foi alguma a destruição deixada por este fenómeno, nomeadamente árvores arrancadas e partidas, estruturas danificadas, entre outras.

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