Falta de oportunidade em Coruche fez delas campeãs em Almeirim

20 Maio 2022, 13:46 Não Por João Dinis

Matilde Dias, Fábia Rego e Maria Inês Ferreira, têm, pelo menos, três coisas em comum, a paixão pelo futebol, a falta de oportunidades em Coruche e o facto de serem campeãs distritais de juvenis (sub 17 anos) e disputarem agora o campeonato nacional de juniores (sub 19 anos).

As três jovens vivem e estudam em Coruche, mas semanalmente os pais percorrem centenas de quilómetros para que estas possam treinar e jogar no União de Almeirim, onde o trabalho desenvolvido no futebol feminino está a dar frutos.

Matilde, Fábia e Maria Inês passaram pelas camadas jovens do Coruchense, jogando em equipas mistas, até que chegou em que decidiram dar um passo em frente na sua paixão pelo futebol, que passou a ser mais que isso, e começou a ser encarado como uma possibilidade para o futuro.

Matilde Dias

Embora Matilde e Fábia, que são as duas guarda-redes da equipa, não tenham ainda bem definido o que gostariam para “o futuro”, Maria Inês não tem dúvidas, “gostava de conciliar o futebol com uma carreira ligada ao desporto”, diz-nos.

Matilde, que é também uma das capitãs da equipa de juvenis feminina do União de Almeirim, teve já passagem pelo Sporting Clube de Portugal, onde teve contacto com uma “realidade a nível profissional”, mesmo no futebol de formação.
Essa formação que teve no Sporting é agora também uma mais-valia para a jovem coruchense, que apoia também a integração das suas colegas no futebol feminino.

O futebol apareceu na vida das três jovens, actualmente com idades entre os 15 e 16 anos, de maneira diferente. Se Fábia e Matilde tiveram a influência da família, ligada ao futebol, Maria Inês Ferreira passou ainda pela natação e hóquei em patins, até se apaixonar pelo futebol.

Fábia Rego

Questionadas se foi a falta de oportunidades em Coruche, por não existir um clube que aposte no futebol feminino, as três jovens são unânimes ao considerarem que “se na altura existisse uma equipa talvez fossemos ficando, mas surgiu a oportunidade do União de Almeirim e foi o melhor que fizemos”, dizem-nos, destacando também o espírito de união vivido entre toda a equipa que é composta por atletas de Coruche, Salvaterra de Magos, Almeirim, Santarém e duas atletas da selecção feminina do Afeganistão.

Em Almeirim, o futebol feminino tem sido encarado como uma aposta no futuro da modalidade, contando neste momento com duas equipas de formação. “Temos uma estrutura muito boa, com bons treinadores”, refere-nos Matilde, que acrescenta que “o apoio dos pais é fundamental”.

Um dos reconhecimentos da aposta do União de Almeirim no futebol feminino é o facto das três jovens serem presenças regulares nas selecções da categoria, o que muitas vezes obriga a um redobrado esforço por parte dos pais.

Apesar de semanalmente passarem, pelo menos, três fins de tarde a treinar, a escola é também levada a sério, pois em Portugal o futebol feminino não está ainda a um nível profissional que permita sonhar. Só dois ou três clubes, Benfica, Sporting e Braga, conseguem ter estruturas profissionais no futebol feminino, pelo que “é importante que encaremos o futebol como hobby”, afirma a capitã Matilde.

Maria Inês Ferreira

A jogar em posições bem distintas, Matilde e Fábia são guarda-redes e Maria Inês é avançada, todas consideram que foi a união entre a equipa que fez delas campeãs distritais e que possam agora alcançar bons resultados, apesar de disputarem um campeonato acima da sua idade, o que lhes está a trazer “aprendizagem”.  

Lamentando a falta de “apoio aos jovens em Coruche”, Matilde deixou ainda um apelo ao Coruchense, onde se iniciou, para que “aposte no futebol feminino e na formação” e não “olhe só para os seniores”.
“O Coruchense deve pensar no futebol feminino”, disseram as três jovens a terminar a conversa com o NS e antes de rumarem uma vez mais a Almeirim, onde iriam ter um treino.

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