Exército coordena treino contra “ameaça invisível” que pode estar numa carta, na rua ou numa fábrica

18 Outubro 2023, 7:30 Não Por Lusa

O Exército coordenou este mês o ‘CELULEX’ 23, um exercício de treino contra ameaças biológicas, químicas, radiológicas ou nucleares, perigos muitas vezes invisíveis que podem estar numa carta, na rua ou ter origem num acidente numa fábrica.

No Regimento de Lanceiro N.º 2, na Amadora, a chuva intensa obrigou a reta final das demonstrações do ‘CELULEX 23’ a mudar-se do exterior para o interior, onde diversas entidades nacionais e agentes de proteção civil, entre elas a PSP, GNR ou o Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa, expuseram esta manhã alguns dos materiais utilizados.

O objetivo é testar a capacidade do Elemento de Defesa Biológica, Química e Radiológica do Exército Português, em coordenação com 14 entidades nacionais e agentes de proteção civil, na resposta a ameaças radiológicas, biológicas, químicas ou nucleares.

“Neste exercício criámos um cenário em que através de correspondência foram enviados agentes biológicos, químicos e radiológicos e que constituíam um perigo para a nossa sociedade”, explicou o tenente-coronel Milton Pais.

Além deste cenário, este tipo de ameaças pode ser encontrado em vários contextos, que vão desde possíveis atos de terrorismo a um cano que liberte um gás perigoso numa fábrica, detalhou o vice-chefe do Estado-Maior do Exército, tenente-general Xavier de Sousa.

Junto à exposição de material da Polícia de Segurança Pública (PSP) estava uma pequena caixa preta, com um ecrã eletrónico azul que simulava um engenho explosivo com uma contagem decrescente automática e uma mensagem ameaçadora: “Vais morrer que nem um cão”.

Segundo explicaram elementos da PSP, numa situação destas, pode ser utilizado um canhão de água, cuja velocidade é tão elevada que consegue quebrar fios elétricos ou até cortar uma pessoa, mas apenas se estiver excluída a presença de um agente biológico, químico ou radiológico. Se for esse o caso, a atuação tem de ser diferente, recorrendo a materiais de proteção individual e à recolha do produto para análise.

Segundo o vice-chefe do Estado-Maior do Exército, Portugal não se pode alhear da “incerteza das ameaças e dos riscos que decorrem delas”.

“Não podemos estar alheados do que acontece hoje em dia lá fora. A qualquer momento, nós, Portugal, este jardim que está aqui bem plantado no Atlântico, pode ser afetado. Esperemos que nunca seja”, afirmou.

O tenente-general – que fez um balanço bastante positivo deste exercício – salientou que apenas “trabalhando em sistema” entre as várias entidades, e conhecendo “as formas de atuar” é possível uma resposta eficaz.

Questionado sobre as dificuldades que as Forças Armadas atravessam no recrutamento e retenção de efetivos para as suas fileiras, o militar respondeu que o ramo “nunca deixará de cumprir as suas missões” e sublinhou que “a tutela está a fazer todo o possível para que as questões sejam resolvidas”, reconhecendo dificuldades.

Um dos exemplos nos quais estas técnicas contra ameaças biológicas, radiológicas ou químicas já foram utilizadas foi durante o período da pandemia de covid-19, recordou o tenente-coronel Milton Pais.

O militar lembrou que o Exército utilizou em 2020, em vários lares do país, um descontaminante que já tinha sido desenvolvido para outro tipo de bactérias “mais resistentes” e que foi posto em prática na pandemia.

Segundo o ramo, os efetivos civis e militares empenhados ao longo do exercício ascenderam a 120 e entre as entidades envolvidas estiveram a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, a Polícia Judiciária, o Ministério Público, a Agência Portuguesa do Ambiente, o Instituto Superior Técnico ou os Bombeiros Voluntários da Amadora, entre outras.

O ‘CELULEX 23’ teve início no dia 09 de outubro e termina na quarta-feira, dia 18.

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