Empresários da Zona Industrial de Almeirim queixam-se de inoperância das autoridades

12 Junho 2024, 18:00 Não Por André Azevedo

A onda de criminalidade que tem assolado Almeirim está a deixar os comerciantes cada vez mais preocupados. Nas últimas semanas foram vários os estabelecimentos visados pelos amigos do alheio, que têm atacado com alguma frequência na Zona Industrial de Almeirim.

O NS falou com alguns dos comerciantes que relataram as principais preocupações que têm surgido pelos frequentes assaltos e situações de vandalismo que têm ocorrido, nomeadamente a inoperância das autoridades, o aumento das despesas quer com segurança, quer com reparações, e a geral sensação de insegurança.

João Mata e Noel Branco são a voz dos vários empresários com quem o NS falou e que preferiram não ser identificados por receio de represálias. As queixas multiplicam-se e a sensação de insegurança é cada vez maior. Alguns empresários já consideram unir esforços para, do próprio bolso, pagarem a uma empresa de segurança para fazer rondas e mostrar presença, na tentativa de dissuadir os ladrões de continuar esta senda criminosa.

João Mata, gerente da empresa CecoMetal, conta ao NS que os assaltos e o vandalismo não só não são uma novidade como são uma situação bem conhecida das autoridades. Desde que abriu o seu negócio – que vende ferramentas, ferragens, máquinas, equipamentos para indústria, construção, etc – em cinco anos, já recebeu a visita dos amigos do alheio quatro vezes. A primeira foi pouco tempo depois de abrir o estabelecimento na zona industrial. A última vez foi há cerca de um ano.

Para além do material roubado, o empresário explica que muito do prejuízo vem dos danos que causam (vidros partidos, portões arrombados, etc) e do dinheiro que é preciso dispender para as reparações.

Um sistema de alarme e videovigilância ligados directamente aos telemóveis da administração e trancas e cadeados em todos os possíveis pontos de acesso ao interior foram a forma que o empresário encontrou de se sentir mais seguro, mas garante que não é suficiente, já que estabelecimentos como o Ouro Negro ou a Agriloja também tinham esses “mecanismos de defesa” e foram assaltados.

“Se não formos nós a protegermo-nos também não são as autoridades” lamenta.

Noel Branco, gerente de uma empresa na área das soluções para rega, a “NRB soluções”, lamentou ao NS a falta de patrulhamento na Zona Industrial.

“Fico muitas vezes até ao final da noite a trabalhar e não vejo um único carro de patrulha a rondar na Zona Industrial”, lamenta o empresário, que já foi vítima de vários assaltos e vandalismo. Na fachada da empresa é possível observar várias janelas e portas de vidro partidas. Do interior das instalações já foram furtadas paletes, ferramentas, tubos, entre outras coisas.

O empresário queixa-se ainda do aumento nas despesas relativas a segurança. O posto de transformação de energia elétrica, necessário ao funcionamento da empresa, é um dos alvos apetecíveis dos ladrões, por conter fios de cobre, metal não precioso, mas com valor comercial. Noel Branco viu-se obrigado a pagar segurança do próprio bolso para garantir que o funcionamento da empresa não é afectado por uma quebra de energia causada por um roubo de cobre naquele poste.

As queixas feitas na GNR de Almeirim não têm dado qualquer resultado e mesmo as queixas feitas à Câmara Municipal são descartadas.

“A GNR diz que estas queixas só contam para a estatística e o presidente da Câmara diz que é um problema da polícia”, queixa-se o empresário.

Os tribunais e os juízes não ficam isentos de críticas dos empresários. Mesmo quando são apanhados os ladrões, acabam a ser soltos de forma mais célere do que o esperado pelas vítimas, muitas vezes sem qualquer tipo de medida de coação, voltando à actividade criminosa.

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