Dezoito entidades assinam em Salvaterra de Magos compromisso pela Água (com Fotos)

24 Maio 2022, 20:09 Não Por João Dinis

O Centro de Interpretação do Cais da Vala, em Salvaterra de Magos, recebeu esta terça-feira a cerimónia de adesão à Declaração de Compromisso para Adaptação e Mitigação das Alterações Climáticas nos Serviços de Águas, promovido pela Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas – APDA.

Entre as instituições que marcaram presença em Salvaterra de Magos, assumindo o compromisso de preservar e cuidar de um recurso precioso e finito como a água estiveram a Empresa das Águas de Santarém, Águas de Alenquer, Águas do Ribatejo, Aquanena – Empresa Municipal de Águas e Saneamento de Alcanena, os Municípios de Golegã, Nazaré, Abrantes, Alter do Chão, Leiria, Ourém, Torres Novas e Bombarral, a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, os Serviços Municipalizados de Nazaré, Abrantes, Leiria e Mafra e a Tejo Ambiente – Empresa Intermunicipal de Ambiente do Médio Tejo.

A cerimónia foi presidida por Rui Godinho, Presidente da APDA, que após uma explicação sobre o trabalho desenvolvido pela associação, destacou a importância do documento assinado entre todos, na assunção de um compromisso pela água, sem a qual “não há nenhuma forma de vida”, pelo que o objectivo da APDA é impulsionar a assinatura do documento pelo máximo de entidades possíveis, em prol de um sector mais eficiente e bem preparado para os desafios presentes e vindouros.

Francisco Oliveira, que além de Presidente da Águas do Ribatejo é também Presidente da Assembleia Geral da APDA, refere que o documento reflecte “preocupações que já incidem sobre o sector há muito tempo, mas que têm vindo a agudizar-se com a cada vez mais relevância da componente das alterações climáticas, no que diz respeito a fenómenos frequentes, nomeadamente as questões das secas, que são aquelas que nos trazem, digamos, mais dificuldades”, refere o autarca de Coruche, dando o exemplo da “Águas do Ribatejo, que tem como recurso para água de abastecimento público para consumo humano o recurso à água do subsolo” que “os anos de seca consecutivos vêm agravar aquilo que são as disponibilidades de água”, pelo que a empresa tem “vindo a fazer a optimização dos fundos das captações, isto é, reduzindo o número de captações, no sentido de interligar estas mesmas captações para termos, por um lado, mais disponibilidade e, por outro lado, reduzirmos também o nível de captações que nós temos em cada um dos concelhos.”

A empresa tem também já implementadas “um conjunto de regras associadas a esta questão das alterações climáticas”, sendo que “é cada vez mais importante nós podermos ter uma relação da utilização da água especificamente e unicamente só para o consumo humano”, deixando o conselho aos utilizadores que para a utilização na regra de jardins e horas, lavagens ou outras utilizações optem por outro tipo de recursos que não a água tratada.

A Águas do Ribatejo tem realizado um conjunto de acções de sensibilização, sobretudo “junto das nossas escolas, junto das autarquias, junto dos cidadãos, para que o uso da água seja cada vez mais optimizado, tendo em conta o bem que é a escassez que representa, quer no presente, mas que pode também se agravar no futuro”, salienta Francisco Oliveira.

“Ao nível das questões do saneamento é tentamos também sensibilizar as autarquias para que, nas circunstâncias onde seja possível, se possa fazer o aproveitamento das águas tratadas para introdução no sistema”, acrescentando que “quando se fala em introdução no sistema é para lavagens e para regas, não utilização no sistema da água potável, como é óbvio.”

Para o Presidente da Águas do Ribatejo, também a população tem um papel importante nesta cruzada em nome da água e da preservação de um bem precioso, pelo que “é importante nós alterarmos um pouco este mito cultural que a água é, não obstante ser um bem público, é um bem inesgotável”, “já percebemos que, em alguns momentos críticos, a água é um bem que se pode esgotar e um bem que é escasso” frisou, apelando a uma consciencialização de todos para uma utilização responsável da água.

Embora este tipo de acções sejam algumas vezes desvalorizadas pela comunidade em geral, elas são muito importantes, sobretudo para assegurar o futuro das novas gerações. Francisco Oliveira deu mesmo o exemplo do Município de Coruche que “tem aprovada a estratégia municipal para as alterações climáticas, que é, de certa forma, um guião comportamental para aquilo que deve ser a actuação do município no licenciamento de obras particulares, nas questões associadas ao PDM, construções afastadas das linhas da água, enfim, no sentido de, de certa forma, combatermos um pouco aquilo que são, às vezes, alguns abusos que nós temos contra a natureza e a natureza acaba por depois ganhar sempre o seu terreno.”

A população, sobretudo os mais novos, terão que ter a consciência que “as alterações climáticas são hoje uma evidência, são uma evidência em termos mundiais, mas são também uma preocupação em termos locais, no sentido de nós com respondermos a medidas que permitam que nós não sofrermos nestas questões mais intensas de intempéries ou de secas”, pelo que “é importante criar esta disponibilidade do abastecimento de água às nossas populações e, portanto, criar outros meios de utilização deste recurso que não são, digamos, meios de utilização secundária da água, nomeadamente as lavagens de ruas, regas, jardins, etc.”, sendo “importante que esta consciência passe, porque se não passar, continuamos ainda naquele princípio muito antigo de que a água é de todos e que serve para tudo e mais alguma coisa.”

“Nós queremos deixar para o futuro este compromisso com as gerações futuras, no sentido de continuarem a usufruir dos mesmos meios naturais, como é o caso da água”, refere, concluindo que “obviamente, temos que tomar medidas agora, medidas que visem a de facto, uma utilização eficiente e que, sobretudo, também combatam o fenómeno que é muito importante, que são as perdas de água, uma uma das missões e um dos objectivos das Águas do Ribatejo é criar zonas de seccionamento para identificar perdas ou a água não facturada que às vezes a água que é desviada”, “é fundamental que nós controlamos essas perdas de água, porque claramente a água que é desperdiçada não só em termos de valor económico, mas de um bem essencial e que está se a perder.”

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