Cruzeiro religioso e cultural une 60 localidades nas margens do Tejo

14 Maio 2024, 15:58 Não Por Redacção

O chanceler-mor da Confraria Ibérica do Tejo considera que quem faz o cruzeiro religioso e cultural deste rio vem de lá “uma pessoa completamente diferente”, porque sente a natureza de outra forma.

No próximo sábado, começa no Rosmaninhal a 10ª edição do Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo, que traz no barco a imagem de Nossa Senhora dos Avieiros que vai visitar “60 localidades diferentes”, num percurso de 300 quilómetros, disse João Serrano à Agência ECCLESIA.

A imagem da Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo está na capela de madeira dos pescadores da Praia da Vieira, em Leiria, e é objeto de devoção de “muitas pessoas”, acrescentou.

Isto tem um significado simbólico “extremamente importante para nós” porque o processo migratório dos pescadores avieiros, desde a Praia da Vieira de Leiria até ao Tejo, “teve início em meados do século XIX e foi um processo migratório extremamente interessante, até para a nossa história”.

Estes pescadores levaram até ao Tejo “a sua própria religiosidade” e através deste cruzeiro pretende-se celebrar “não só a migração dessas pessoas, à procura de melhores dias, à procura do sustento para as suas famílias, mas também a ligação que essas pessoas, essa comunidade teve ao Tejo e às outras comunidades ribeirinhas”.

O percurso tem início no Rosmaninhal, uma terra raiana, “bem próxima de Espanha”, na quinta e sexta-feira, “para visitar os lugares mais recônditos, mais escondidos” porque “as pessoas querem uma visita da imagem”.

Depois desta localidade portuguesa, o cruzeiro segue para Espanha e, em colaboração com as quatro paróquias e com as quatro câmaras municipais espanholas (Alcântara, Santiago, Herrera e Cedilho), vai “dar-se a conhecer aquelas comunidades”.

Em anos anteriores, quando a imagem esteve em Alcântara (Espanha) parecia “que se estava em Fátima, as pessoas tocavam no manto e nos pés da imagem”, referiu o chanceler-mor da Confraria Ibérica do Tejo

O cruzeiro dura um mês e meio, aos fins-de-semana e feriados, e visita 60 localidades diferentes em 16 etapas e vai estar em Lisboa na véspera do encerramento que é em Oeiras

“Vai estar na Doca da Marinha, que é ali junto à Casa dos Bicos e do Largo do Museu do Fado e pretende-se fazer, com as quatro paróquias, um evento que junte as pessoas e as aproxime do Tejo” porque um dos objetivos “é levar as pessoas a conviver com o Tejo e entre si”.

João Serrano conta que em edições anteriores, as pessoas aparecem com imagens junto ao rio Tejo e começam a acenar, “como quem diz, venham cá que a gente também quer participar”.

“É a fé e a religiosidade, mas também uma necessidade muito grande que têm de conviver e de se mostrar”, disse o responsável em entrevista ao Programa ECCLESIA emitido esta terça-feira na RTP2.


Agência Ecclesia

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