Cortiça é fundamental para a economia de Coruche que aposta agora na sua sustentabilidade

27 Maio 2022, 19:45 Não Por João Dinis

A cortiça tem nos últimos anos dinamizado a economia do concelho de Coruche, conquistando um lugar cimeiro no número de postos de trabalho criados, sendo hoje fundamental para a economia do concelho de Coruche, não só pelas empresas que aqui estão sedeadas, como pelo fluxo comercial.

Esse facto foi destacado por Francisco Oliveira, que questionado pelo NS sobre o tema começa por nos refere que “eu costumo dizer sobre essa matéria que se há temas onde Portugal domina o mundo é o tema da cortiça. Ou seja, aqui podemos dizer que somos maiores que todos, somos maiores em termos da área da produção, somos os maiores em termos da área da exportação e somos os maiores em termos de transformação deste produto tão nobre que hoje em dia é utilizado em termos de mercado da inovação como complementaridade de outros produtos sintéticos”.
“Hoje em dia é fácil nós percebermos que os automóveis, a indústria automóvel têm cortiça na sua utilização, a indústria das tecnologias ao nível dos telemóveis, a espacial, os bancos das carruagens do metro que nós vimos a publicidade todos os dias na televisão tem o revestimento da cortiça e ainda há bem pouco tempo vi a aplicação da cortiça também numa outra área onde habitualmente a cortiça não entra”, salienta o autarca, que prossegue referindo que “isto significa que cada vez mais esta componente que está na economia circular, o nada se perde, tudo se transforma na cortiça, tudo é aproveitado, o que torna a cortiça mum produto que obviamente tem um valor económico muito elevado, um produto que contribui, a par da floresta, para aquilo que é a elevação do nosso Produto Interno Interno Bruto (PIB) em termos do valor de exportação, um produto que, obviamente no conceito de custo tem importância enquanto valor económico muito grande, enquanto valor ambiental também extraordinário, porque é gerador de emprego, emprego estabilizado naquilo que tem a ver com a área industrial da cortiça e, por outro lado, a transformação em termos económicos desta cortiça também deixa esse retorno.”

No concelho de Coruche a cortiça e o seu sector, “deixa o retorno não só em termos de empregabilidade, mas em termos de valor económico”, salienta o autarca, que frisa que “a missão da Câmara Municipal, é uma missão institucional”, que passa pela “criação de oportunidades, quer oportunidades de negócio, quer oportunidades de transacção e comercialização do produto, associado a uma identidade muito própria, que é a nossa identidade rural”. “Não nego essa identidade rural e, portanto, aceito  e tenho orgulho nela, no sentido de esta identidade do nosso mundo rural ter um conjunto de valias e um conjunto de valores identitários que de certa forma são diferenciadores de todos os outros”, algo que “promovemos nesta feira de actividades económicas é a diferenciação de um produto único que é a nossa cortiça, e a diferenciação de um produto único, que são as carnes que são criadas nos nossos montados, seja desde a produção bovina até ovina, caprina, etc.”,

Francisco Oliveira considera que Coruche tem na cortiça “uma riqueza única que todos nós temos e é o valor da nossa terra, o valor da terra, hoje em dia eu diria que não tem preço, não tem valor, porque efectivamente a Terra é um bem que se perpetua no tempo”, o que significa que “temos que o salvaguardar e temos que o perpetuar com as riquezas que nós conhecemos, as riquezas florestais, as riquezas de espaços energéticos, as riquezas associadas, as biodiversidades, as captações de água, as represas ou os açudes que nós temos no nosso concelho”, algo que é a defendido “acerrimamente na nossa Feira Internacional da Cortiça.”

Este ano a FICOR tem também uma preocupação com a sustentabilidade do montado. Francisco Oliveira considera que “é cada vez mais importante estarmos actualizados naquilo que são as preocupações do momento, nomeadamente na questão que refere em que se enquadra no âmbito das alterações climáticas e, portanto, cada vez mais é importante transmitir às gerações mais novas aquilo que são as preocupações do futuro”, nomeadamente “questões que se prendem com as secas frequentes ou com períodos prolongados de secas, que também afectam o ecossistema do montado e afectam toda a produção de montado.”
“A mortandade que vai acontecendo também na nossa floresta tem muito a ver com estas alterações climáticas, nomeadamente nos períodos de secas que são de facto mais frequentes, ou até nos períodos de chuva e de pluviosidade, com muita agressividade e com muita intensidade, que acabam por provocar erosão nos solos”, pelo que “estes temas obviamente são importantes serem discutidos em termos académicos e científicos, mas também são importantes ser transmitidos às gerações mais novas”, motivo pelo qual a FICOR tem este ano “um espaço a nível do primeiro andar no Pavilhão de Exposições, um espaço quase que de ciência viva, para se fazer algumas demonstrações e explicações aos nossos jovens e a alunos das nossas escolas, daquilo que é o trabalho que estamos a fazer para salvaguardar aquilo que é a pegada do carbono e a pegada ecológica do futuro, no sentido de transmitirmos a estas preocupações do momento, mas que são comprometedoras do nosso futuro. “

________________

________________________