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Concheiros de Muge ganham voz e memória em Centro de Interpretação inovador

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A Casa do Povo de Muge encheu-se este sábado, para um momento histórico na vida cultural e científica do concelho de Salvaterra de Magos. Foi inaugurado o Centro de Interpretação dos Concheiros de Muge, um espaço dedicado à preservação e valorização de um património arqueológico único em Portugal e na Europa, associado às comunidades mesolíticas que viveram junto à margem do Tejo há mais de oito mil anos. O evento ficou ainda marcado pelo lançamento do livro “Muge: Palavras e Memórias”, de Vítor Lucas, que recolheu durante anos a cultura popular e a publicou agora num documento único na região.

O presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, não escondeu o orgulho na concretização de um projeto de longa ambição. “A criação deste Centro de Interpretação representa um marco decisivo na preservação, valorização e divulgação científica deste património. É muito mais do que um espaço museológico. É um lugar de ciência, de memória e de identidade cultural”, afirmou perante a comunidade local, investigadores e convidados.

Os Concheiros de Muge foram descobertos em 1863 e são considerados um dos mais importantes sítios arqueológicos do Mesolítico europeu. Contudo, como lembrou Hélder Esménio, o local não tem visibilidade direta, já que se encontra protegido sob camadas de terra vegetal. “Quando alguém se desloca ao terreno não vê praticamente nada. Agora temos, finalmente, um espaço físico onde é possível compreender o que são os Concheiros e porque são tão relevantes para a história da humanidade”, explicou.

No novo Centro de Interpretação os visitantes podem encontrar reconstituições de cabanas, peças arqueológicas, cortes de terreno que mostram as camadas de conchas acumuladas ao longo de séculos e até um esqueleto humano retirado do Cabeço da Amoreira, associado a práticas funerárias da época. Há também recursos multimédia que ajudam a recriar modos de vida e a contextualizar a presença humana na região há milhares de anos. “Queremos que qualquer visitante, seja um investigador, um aluno ou um simples curioso, possa perceber como era a vida quotidiana junto ao Tejo nesse tempo. Estamos a falar de caçadores-recoletores que aqui viveram cerca de mil anos, com práticas, rituais e ferramentas que hoje nos ajudam a compreender a evolução da espécie humana”, sublinhou o presidente da Câmara.

Um dos aspetos mais valorizados do projeto é a forte ligação à investigação científica. O Centro conta com um laboratório em parceria com a Universidade do Algarve, permitindo que materiais recolhidos em escavações possam ser tratados e estudados no próprio local. “Não queremos um espaço morto. Queremos um espaço vivo, onde se faça investigação, onde arqueólogos e estudantes trabalhem lado a lado com a comunidade”, referiu Hélder Esménio, acrescentando que esta ligação será fundamental para atrair jovens investigadores nacionais e estrangeiros. “Teremos estudantes de mestrado e doutoramento a escavar, a lavar e a analisar materiais aqui em Muge. Isso significa mais conhecimento, mais visibilidade internacional e também oportunidades de aprendizagem para os nossos jovens que podem despertar o gosto pela arqueologia ou pela história”, disse.

O Centro integra ainda o acervo arqueológico municipal, até agora disperso. “Tudo o que foi recolhido em escavações anteriores passa a estar guardado aqui, em condições adequadas. É um património que fica em Muge e que reforça a identidade local”, destacou o presidente da Câmara.

A tarde foi também marcada pela apresentação do livro “Muge: Palavras e Memórias”, da autoria de Vítor Lucas. A obra reúne testemunhos, histórias e recordações da freguesia, constituindo-se como um complemento simbólico ao novo Centro. “Este livro é uma forma de preservar o que somos, as nossas raízes e as nossas memórias. Tal como o Centro olha para oito mil anos de história, este livro olha para as vivências mais recentes da comunidade. Juntos, afirmam a nossa identidade”, considerou Hélder Esménio.

No final da cerimónia, o presidente da Câmara deixou uma nota pessoal. “Tudo na vida tem um princípio e um fim, mas fico com a convicção de que este Centro de Interpretação é um legado para as próximas gerações. Dá vida ao nosso passado e projeta o futuro. Esse é o grande mérito deste projeto”, concluiu.

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