Combater a discriminação contribui para o sucesso das forças de segurança

14 Dezembro 2023, 12:41 Não Por João Dinis

Considerando que “um caso já e demasiado” a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), tem vindo a realizar em todas as sedes de distrito ações de formação com os agentes de segurança, com o objetivo de combater a discriminação, quer entre militares, quer com os cidadãos, num trabalho que se inicia desde a “base”, o recrutamento, e acompanha o trabalho diário da PSP e GNR.

Esta terça-feira, a Casa do Brasil, em Santarém, recebeu a Inspetora-Geral da Administração Interna, Juíza Desembargadora Anabela Cabral Ferreira, que acompanhada de diversos especialistas da área ministrou uma ação de formação a Comandantes de Postos Territoriais da GNR e Esquadras da PSP de todo o distrito de Santarém.

Atuando em cinco áreas de intervenção, recrutamento, formação, interação entre membros das Forças de Segurança, promoção da imagem das Forças de Segurança e comunicação e mecanismos preventivos e monitorização, o Plano de Prevenção de Manifestações de Discriminação nas Forças e Serviços de Segurança tem como missão sensibilizar os militares e polícias para a problemática, e neste caso, alertar os responsáveis dos postos e esquadras para os pequenos sinais manifestados pelos seus subordinados que podem ser fundamentais para identificar casos de discriminação.

“O plano não é contra as forças de segurança”, afirmou a Inspetora-Geral, antes de introduzir alguns exemplos na sua abordagem inicial à temática, salientando a sua preocupação para com a discriminação, porque “basta que haja um caso para nos preocupar”.

Pretende a IGAI combater a problemática, de modo a que seja possível evitar a punição de agentes que venham de alguma forma a discriminar algo ou alguém, até porque “as forças de segurança têm um escrutínio implacável e qualquer situação é logo notícia”.

São muitas as formas de discriminação que a IGAI pretende contender, sejam elas, entre colegas, com a feminização ainda a ser um “tema” na ordem o dia, a cor da pele, os credos ou simples diferenças culturais.

Numa altura em que as redes sociais ganham um potencial, a IGAI alertou os presentes para essa questão. “Quando colocamos algo numa rede social não é o André ou a Maria que estão a escrever, é o Guarda ou a Agente que estão a escrever”, referiu.

O plano está pensado numa perspectiva preventiva e por isso quatro especialistas, dois inspetores da IGAI e dois psicólogos das Forças de Segurança trabalharam com os militares e polícias casos reais, que analisaram e debateram.

O objetivo é preparar os responsáveis das forças de segurança para enfrentar os casos e perceberem como podem atuar em casos de discriminação entre os seus subordinados, deixando-os também preparados para atuar de forma preventiva no trabalho que efetuam diariamente.

Mulheres ainda são minoria e continuam a combater estigmas

Apesar de ser cada vez mais uma situação “normal”, a entrada de mulheres nas Forças de Segurança continua ainda a ser o maior foco de discriminação dentro das forças de segurança.

Por razões culturais existe ainda o estigma das mulheres nas forças de segurança, algo que a IGAI está a combater, tendo aumentado significativamente a percentagem de mulheres nas forças de segurança nos últimos anos.

Atualmente a percentagem de mulheres na PSP e GNR ronda os 20%.

Recusa rótulo de “Polícia dos Policias”

Anabela Cabral Ferreira recusou ser apelidada de “Polícia dos Polícias”, referindo que o seu papel na Inspeção-Geral da Administração Interna é também o de zelar pelo bem-estar das Forças de Segurança.

A IGAI deu vários exemplos de como tem atuado junto do Ministério da Administração Interna com o objetivo de melhorar as condições de trabalho da GNR e PSP.

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