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Coletivo Ponte: a energia jovem que está a ligar Pontével ao futuro

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Na manhã de sábado, 6 de junho, o recinto das festas de Pontével enchia-se de movimento. Entre os stands e as vozes animadas, destacava-se a “Feira da Destralha”, uma das iniciativas que mais curiosidade tem gerado nos últimos meses. Foi neste ambiente que o NS conversou com Paulo Antunes, fundador do Coletivo Ponte, uma associação que, em apenas um ano de vida, tem vindo a marcar a diferença no panorama cultural e social da freguesia.

O Coletivo Ponte surgiu em abril de 2024, depois de alguns dos atuais elementos terem integrado outro grupo associativo. “Achámos que era importante dar um novo nome, algo que nos identificasse com Pontével, mas também com a ideia de ponte: criar ligações, aproximar pessoas de dentro e de fora”, explica Paulo.

A escolha não foi apenas simbólica. Desde o início, o grupo procurou ser um elo entre gerações e comunidades, trazendo novas propostas culturais e ambientais a uma vila com forte tradição associativa, mas onde os jovens sentiam falta de iniciativas que correspondessem aos seus interesses. “Havia muita coisa, mas nada que realmente nos cativasse. Então pensámos: em vez de apenas criticar, porque não criar?”, recorda.

Apesar de todos os membros terem outras ocupações profissionais, o coletivo tem conseguido dinamizar várias atividades. Entre elas, destacam-se a colaboração na programação da feira de artesanato local, passeios ecológicos e botânicos, a Feira da Destralha e o Passeio da Primavera.

“Curiosamente, muitas vezes é gente de fora que participa mais do que os próprios habitantes”, nota Paulo. “Isso mostra que há procura por este tipo de experiências e que Pontével pode atrair novos públicos.”

O sucesso tem sido tal que algumas iniciativas esgotaram em poucas horas, como aconteceu com o último passeio micológico. “Trazemos especialistas, como aconteceu com os cogumelos silvestres, e todos aprendemos juntos. É gratificante porque não só oferecemos algo à comunidade, como nós próprios crescemos com isso”, acrescenta.

Se há obstáculo que o grupo sente de forma clara, é a falta de uma sede. “Com um espaço fixo, poderíamos organizar sessões de cinema, workshops, encontros regulares. Hoje, dependemos sempre de arrumar e desmontar tudo, porque os locais que usamos têm outras funções”, refere.

O objetivo para o próximo ano é claro: encontrar um local que possa servir de base às atividades do coletivo e onde a comunidade saiba que pode entrar, conviver e participar. “Um espaço assim daria outra visibilidade e permitiria consolidar o nosso trabalho.”

A realidade de Pontével e do concelho do Cartaxo é marcada por associações históricas, ligadas ao folclore, à música ou ao desporto. Para Paulo Antunes, não se trata de substituir o que já existe, mas de complementar. “Respeitamos e valorizamos as associações mais antigas. Mas acreditamos que também é preciso algo diferente, mais próximo das novas gerações e de quem procura outras experiências.”

A convivência entre estas dimensões já se tem feito sentir, sobretudo no evento Artével, onde o Coletivo Ponte conseguiu trazer novos públicos, sem excluir a presença de grupos tradicionais. “Não chegámos para acabar com nada. Chegámos para acrescentar.”

A Feira da Destralha: muito mais do que vender e comprar

Entre todas as iniciativas, a Feira da Destralha tem-se afirmado como marca distintiva. Realizada sempre no primeiro fim de semana de cada mês, aposta na economia circular e na redução do consumismo, incentivando trocas e vendas de artigos em segunda mão.

Mas o impacto vai além do mercado. “Funciona como ponto de encontro, de convívio e até de promoção da região. Já tivemos pessoas de outras localidades que vieram vender ou comprar e acabaram a passar o fim de semana aqui, a conhecer restaurantes e o território”, sublinha Paulo.

A feira tem também ajudado a desconstruir preconceitos sobre o uso de objetos em segunda mão. “No início, algumas pessoas olhavam com desconfiança. Agora já é comum perguntarem: onde compraste isso? Foi na Feira da Destralha.”

Questionado sobre os próximos passos, Paulo revela sonhos ainda embrionários, mas que inspiram: “Gostávamos de ter um festival nosso, aproveitar espaços junto ao rio, dinamizar cinema ao ar livre e manter sempre workshops que juntem e ensinem.”

O entusiasmo é evidente, mas a noção das dificuldades também. “Todos temos as nossas vidas e nem sempre é fácil conciliar. Mas sentimos que estamos a construir algo importante para Pontével e para quem nos visita.”

O Coletivo Ponte nasceu de uma inquietação partilhada por jovens que se recusaram a aceitar a inércia cultural. Hoje, é já uma força que contribui para a valorização de Pontével, criando oportunidades de encontro, aprendizagem e convívio.

Mais do que eventos, é a atitude de “fazer acontecer” que marca a diferença. Como sublinha Paulo Antunes, “não viemos substituir ninguém, viemos acrescentar”. E, a julgar pela adesão crescente, a ponte que começaram a construir parece ter caminho para durar.

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