Campino que recebeu dois batismos homenageado este ano no Colete Encarnado

20 Junho 2024, 12:44 Não Por João Dinis

Joaquim Júlio Ruivo Correia, é aos 77 anos o homenageado este ano da edição 92 do Colete Encarnado, recebendo o Pampilho de Honra das mãos do Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, às 16 horas do dia 6 de julho, na Praça Afonso Albuquerque, em frente aos Paços do Concelho de Vila Franca de Xira.

Ainda jovem recebeu do pároco de Benavente, local onde vivia a alcunha de “Matateu”, celebre jogador do Belenenses, e com o qual as parecenças físicas fizeram com que o Padre lhe desse um “segundo batismo”.

Filho de Joaquim e Ilda Augusta, é o mais velho de 12 irmãos. Nascido em Benavente, conta que  “não sei ler nem escrever. Tinha de trabalhar para ajudar os meus pais a dar de comer aos meus irmãos. Comecei a trabalhar com sete anos, com o Ernesto Batateiro, na Quinta da Foz, em Benavente. Depois saí e fui para a ganadaria do Eng.º Rafael Mendes Calado, para a Herdade do Monte da Saúde, em Benavente, ser camarada do meu tio João Garrafão, maioral dos touros.”
“Depois saí e fui para a ganadaria Manuel António Lopo de Carvalho, para o Mouchão dos Malagueiros, entre Salvaterra de Magos e Benavente. De lá fui para o ferro que hoje trago no colete, da Casa do Sr. António Marques, em Benavente”, conta, acrescentado que “também fui empregado do Sr. José Dias”.
“Matateu” recordou ainda o tempo em que foi para Mafra, aos 20 anos de idade, cumprir com o serviço militar obrigatório. “Fui para a Cavalaria, com o Sr. João Preceito e com o Sr. António Foguete. Estive lá 37 meses e 20 dias e meio. Quando regressei ao trabalho fui montar cavalos para o Sr. Júlio Botelho Moniz, para a Quinta das Carochas, em Benavente”.

Reformou-se quando já tinha quase duas décadas de dedicação à ganadaria de David Ribeiro Telles. Fora das faenas do campo, também foi a várias Praças de Touros espanholas e portuguesas, nomeadamente Abiúl (Pombal), Cascais, Nazaré, Salvaterra de Magos, Santarém, Setúbal, Póvoa de Varzim, entre outras. Em casa tem expostos vários troféus arrebatados nos jogos de perícia e destreza, nas provas de condução de cabrestos, nas corridas à vara larga e noutras demonstrações populares deste género, em várias localidades ribatejanas e também por todo o país.

Foi com esta aguerrida postura e jovial atitude que de sorriso aberto e franco disse “nunca pensei em mudar de profissão. Ainda hoje quando me pedem ajuda, é uma alegria para mim”, concluiu sorridente.

Este ano, regressa ao Colete Encarnado. Na Praça do Município todos o irão receber certamente em regozijada ovação.
A tradicional Homenagem ao Campino, é o momento mais carismático do Colete Encarnado, que presta assim um tributo público a mais uma carreira que contribuiu para enriquecer e manter viva a arte de um ofício, exclusivamente português, tipicamente ribatejano.

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