“Cabe às pessoas do interior valorizar a sua própria interioridade”, afirma Secretário de Estado Carlos Miguel

29 Janeiro 2023, 21:58 Não Por João Dinis

À margem da inauguração da vigésima sexta edição da Prova do Vinho Novo de Cabeção, o NS entrevistou o Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Carlos Miguel, sobre a politica governamental para os territórios do interior.

Questionado se o turismo era uma das mais-valias dos territórios do interior, o governante começa por lamentar que “interior é tudo o que está a mais de dez quilómetros da costa”, “como os próprios Censos mostram”, mas que ainda assim “o facto de ser interior, não quer dizer que tenha menos qualidade, antes pelo contrário, a qualidade de vida é muito superior à dos grandes centros urbanos.”

No entendimento do Secretário de Estado “é preciso valorizá-la e cabe às pessoas do interior valorizar a sua própria interioridade.” “Houve tempos em que os próprios residentes no interior retratavam-se como os coitadinhos, o que não eram, e também não era forma de promover o seu território”, salienta, acrescentando que “este território (Mora) promove-se e tem-se promovido ao longo do tempo, e bem, com um equipamento único, o Fluviário e hoje ao lado do Fluviário, foi o Vinho da Talha, que é único em todo o nosso país, nesta zona que é o Alentejo…”, “em conjunto com o vinho vem o enoturismo e tudo isso traz gente, tudo isso faz economia e isso é muito importante.“

O governante considera que “todos os territórios têm potencialidades”, “se calhar há trinta anos não dávamos valor, mas que hoje cada vez mais damos valor e cada vez mais são valorizadas pelas pessoas.”

Questionado sobre os planos do Governo para as maiores queixas da população, sobretudo as acessibilidades e a saúde, Carlos Miguel começa por referir que “as acessibilidades são, digamos, uma luta e uma guerra do passado, do presente e do futuro.” “Eu fui presidente da Câmara até há sete anos atrás e durante 13 anos que fiz parte do executivo,  quando cheguei ao executivo eu julgava que as estradas estavam todas feitas e mal lá cheguei, cheguei à conclusão que não…”.

O Governante considera que “a mobilidade é importante, as estradas são importantes, a ferrovia é importante e temos que ir trabalhando, trabalhando nelas, tanto o Governo como os municípios”, ainda que as autarquias tenham muitas dificuldades “porque as vias municipais não são apoiadas por fundos comunitários e sem fundos comunitários, é muito difícil aos municípios fazerem obras”, considerando que “temos que procurar outros caminhos e se calhar existem outros caminhos para recuperar as vias.

Já sobre a questão da saúde, Carlos Miguel considera que a mesma é “muito importante para todos nós”, mas “infelizmente, ela reside muito, não na falta de equipamentos, mas na falta de mão-de-obra, na falta de médicos”, “faltam médicos especializados e eles não se criam de pé para a mão, porque eles não há em demasia”, pois temos muitos países europeus a virem buscar os nossos médicos, o que “não é por acaso, é porque eles são bons e porque também têm falta”, pelo que “temos que investir mais em mão de obra especializada, mas em faculdades de medicina.

Eu, como governante, acho estranho quando vejo a Ordem dos Médicos a opor se à abertura de cursos de medicina”, afirma o Secretário de Estado que acrescenta que “nós temos de ter mais médicos para que cheguem, digamos, a mais sítios e chegar a mais sítios salvaguarda a qualidade de vida das pessoas”, refere, concluindo que o “Governo está apostado nisso, em criar condições excecionais para ter médicos fixos em sítios, digamos, menos atractivos ou aparentemente menos atractivos, mas que no fundo não são”.

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