Bullying desvalorizado por escola termina com tentativa de envenenamento

5 Julho 2024, 18:09 Não Por André Azevedo

Uma aluna do secundário da Escola José Relvas, em Alpiarça, foi vítima de uma alegada tentativa de homicídio por envenenamento no interior do recinto escolar. A situação aconteceu no final de Maio, e a escola acionou a GNR, que recolheu as provas e está a investigar o caso.

Segundo o NS apurou, junto de fonte próxima à vítima, a jovem encontrou o que aparenta ser uma pastilha de veneno para ratos no interior de uma sandes que trouxera de casa para o lanche. Ao ingerir parte do alimento notou um sabor estranho e abriu o pão, onde se deparou com a pastilha. A jovem teria guardado o lanche no cacifo, de onde o retirou antes de se dirigir ao bar da escola, onde, segundo testemunhas, a jovem se apercebeu do ataque. Note-se que uma tentativa de envenenamento é, à luz da lei, um homicídio qualificado na forma tentada, já que há uma premeditação.

O NS teve acesso à imagem captada pela jovem no momento da descoberta e que deu origem à denúncia feita pela Escola José Relvas

A sandes e a pastilha foram recolhidas pelo Núcleo de Investigação Criminal da GNR e estão pendentes de peritagens científicas. Caso as peritagens ditem que se trata efetivamente de veneno, o caso para para alçada da Polícia Judiciária, autoridade competente para investigar homicídios, ainda que na forma tentada.

Pelo que o NS apurou esta não foi uma situação isolada com a jovem, mas o culminar de uma situação de bullying, que se tem arrastado desde o final do ano letivo passado, espoletada por confrontos que terão envolvido a jovem, quando foi agredida durante o baile de finalistas no ano anterior.

Durante o presente ano letivo as situações foram evoluindo, com a jovem sofrer vários ataques e agressões. A jovem teve as suas roupas danificadas após uma aula de educação física, ou os cadernos roubados e vandalizados do interior do seu cacifo, que se encontrava destrancado por ordem da escola, que impediu os alunos de trancar os cacifos que lhes foram distribuídos no início do ano.

As situações foram reportadas à direção escolar e foram desvalorizadas e tomadas como “brincadeiras de miúdos”, culminando numa eventual tentativa de homicídio.

O NS contactou a escola via e-mail, mas até à data e hora desta publicação não nos foi possível obter qualquer esclarecimento por parte da direção quanto a esta matéria.

Situações de bullying são frequentes na escola e ocultadas pela direção

Segundo foi possível apurar, situações de bullying e agressões são frequentes na escola José Relvas e na maioria das vezes a direção tenta ocultá-las e desvalorizá-las. A situação não é nova e tem acontecido ao longo de vários anos.

O programa Escola Segura é muitas vezes boicotado pela escola, que não denuncia situações graves de agressões, por exemplo, no interior e no perímetro legal do recinto escolar. Os contactos feitos pela Comissão Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJ) são muitas vezes ignorados, havendo mesmo a necessidade de enviar os e-mails em conhecimento para o Ministério da Educação, para forçar uma resposta por parte da direção.

Ao longo dos anos foram vários os encarregados de educação a denunciar situações de bullying com os seus educandos e que não foram tomadas como tal, sendo encaradas sempre como “coisas de miúdos”, termo usado muitas vezes pela direção para justificar os conflitos e agressões que decorrem na escola.

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