Bombeiros Voluntários de Almeirim celebram 75 anos ao serviço da população

6 Junho 2024, 12:21 Não Por André Azevedo

Os Bombeiros Voluntários de Almeirim assinalam 75 anos nesta quinta-feira, 6 de Junho. O dia do aniversário será celebrado com arraial popular no pavilhão Alfredo Bento Calado, em Almeirim, com marchas populares e muita animação, a partir das 21h00. A data vai ser assinalada com a devida pompa e circunstância, com a cerimónia solene a decorrer na segunda-feira, 10 de Junho, Dia de Portugal, no Cineteatro de Almeirim, a partir das 15h30.

O comandante da corporação almeirinense, Telmo Ferreira, esteve a conversar com o NS, a propósito da data comemorativa. Assumiu oficialmente o comando dos Bombeiros Voluntários de Almeirim em 2022, depois de já ter desempenhado a função de comandante interino durante um ano, mas recorda que a farda já conta 30 anos ao serviço da população almeirinense.

“Apareci cá com 14 anos e cabelo comprido para entrar para os bombeiros”, relembra o comandante. Com os olhos a brilhar de orgulho afirma que não se arrepende nada dessa decisão que tomou. Deste longo caminho que já percorreu recorda com carinho os ensinamentos do comandante José Alberto Vitorino, que o acolheu na corporação quando era ainda um adolescente.

“Apostou em mim. Foi-me dando funções que, na altura eu como um jovem que era já de alguma responsabilidade, sempre que era sempre supervisionado por ele. Não era uma pessoa muito dada à informática, a fazer ofícios e registo de correio. Ia às reuniões com ele, às vezes com alguma seca, porque ele entrava e eu ficava cá fora. Mas ele usava-me, entre aspas, mais como motorista dele. E nos caminhos para as reuniões para Lisboa ou para outros lados, ouvia falar muito dos bombeiros e de como se deviam fazer as coisas. Portanto, eu mesmo sem estar a executar ia aprendendo porque ele ia falando comigo e explicando”, relembra Telmo Ferreira.

Hoje em dia a corporação almeirinense conta com 68 operacionais. Embora sejam considerados como “voluntários”, devido ao aumento de ocorrências houve a necessidade de profissionalizar alguns elementos.

“Temos 34 elementos que são profissionais que recebem o ordenado daqui, mas que para isso respondem durante as 24 horas por dia”, explica o comandante. Os voluntários recebem um complemento pelo tempo dispendido, mas Telmo Ferreira garante que na maioria das vezes não supera os 30 euros mensais.

As emergências pré-hospitalares são as ocorrências que mais vezes espoletam a saída de meios, com os acidentes e os incêndios urbanos a trazerem, também, algum trabalho à corporação. À parte destas ocorrências espontâneas a corporação almeirinense é ainda responsável pelo transporte de doentes não-urgentes para tratamentos, com este serviço a ter um papel importante no que é o financiamento do corpo de bombeiros, já que são pagos pelos requerentes, ou pelo Estado. As emergências pré-hospitalares também contribuem para manter as finanças da corporação, já que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) paga aos corpos de bombeiros para garantir este serviço.

No seu discurso de tomada de posse, em 2022, prometeu que iria lutar pela melhoria de condições para os elementos, e é uma missão que tem levado a sério. Desde que assumiu o comando da corporação já conseguiu que a direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Almeirim adquirisse quatro viaturas, vários equipamentos de protecção individual entre outros. Conseguiu também que a Câmara Municipal criasse uma série de incentivos para bombeiros, como a isenção de IMI para elementos com casa própria, desconto nas creches para os filhos, ou descontos em bilhetes para espetáculos culturais promovidos pela autarquia.

Como necessidade mais imediata dos Bombeiros de Almeirim aponta para a expansão do quartel, de forma a criar mais condições para os elementos que lá trabalham.

Com o aumento do número de efectivos, a entrada de mulheres no quadro da corporação, o aumento do número das equipas permanentes e das equipas de prevenção na época de incêndios, o quartel carece de mais espaço para criar, por exemplo, camaratas e balneários.

Telmo Ferreira reconhece que apesar de ser necessário essa expansão não há, para já, os fundos necessários para a completar. Embora o edifício onde funcionou outrora um mini-mercado, contíguo ao quartel, e um terreno nas traseiras, já tenham sido adquiridos, com vista a esse objectivo, o comandante estima que sejam precisos pelo menos um milhão de euros de liquidez financeira para completar a obra.

“Só sou comandante porque os tenho a eles

Aos elementos comandados por si, garante que só é comandante porque os tem a eles, e pede-lhes que “que se orgulhem da profissão” deixando ainda garantias que podem contar com ele, e com a estrutura de comando que o apoia, para o que necessitarem.

“Se entenderem que se mereço a confiança deles, estou disposto a ajudar”, garante Telmo Ferreira.

Encerramento das urgências hospitalares traz constrangimentos de meios

O encerramento das urgências tem sido dos factores que traz mais constrangimentos ao serviço de bombeiros e Almeirim não é excepção.

“No mês passado houve um serviço de obstetrícia. Santarém estava fechado e a única vaga que conseguiram dar-nos foi em Évora. Quem estava de serviço acabava às 20h00, que é a hora de mudança de turno. Chegaram ao quartel era 01h00”, lamenta o comandante.

Não é só o acumular de horas para os elementos que incomoda o comandante, já que o aumento do tempo de um serviço é proporcional ao tempo que esse meio não está ao serviço da população. De acordo com o comandante, serviços que demoram entre 45 minutos a uma hora e meia se o transporte for feito ao Hospital de Santarém, chegam a demorar três ou quatro horas, porque são encaminhados para os hospitais de Lisboa, Abrantes, Caldas da Raínha, ou mesmo Évora.

“Cria constrangimento até no nosso planeamento. Temos que andar aqui durante o serviço a renegociar aqui a escala e a organizar nos internamente” explica Telmo Ferreira.

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