Autocarro de passageiros movido a hidrogénio entra em circulação no Médio Tejo

11 Novembro 2023, 9:47 Não Por Lusa

Os 11 municípios do Médio Tejo, no distrito de Santarém, vão ter um autocarro de transporte público de passageiros movido a hidrogénio verde a circular na região, num projeto-piloto que arranca na segunda-feira em Abrantes, foi hoje anunciado.

“Esta iniciativa pretende demonstrar e promover a utilização de veículos movidos a hidrogénio na região do Médio Tejo”, disse hoje à Lusa João Gomes, presidente da Médiotejo21, Agência Regional de Energia e Ambiente do Médio Tejo e Pinhal Interior Sul, entidade que tem por missão contribuir para a sustentabilidade e inovação na sua área de influência.

O responsável indicou que o autocarro que vai circular durante oito meses no âmbito de um projeto [Hy2Market] aprovado pelo programa Horizonte Europa, no valor de 320 mil euros, no âmbito da transição energética.

A aposta, indicou João Gomes, que é também vice-presidente da Câmara de Abrantes, decorre do “reconhecimento da região do papel que o hidrogénio verde (neutro em carbono) pode desempenhar na descarbonização dos vários setores da economia, em particular dos transportes e da indústria, e que permitirá alcançar níveis elevados de incorporação de fontes renováveis no consumo final de energia de forma mais eficiente, incluindo acelerar a descarbonização do próprio setor elétrico, dada a sua flexibilidade e potencial complementaridade, seja na versão consumo, armazenamento ou produção”.

O autocarro – ‘Caetano H2 City Gold’ – movido a hidrogénio assegurará o transporte de passageiros em circuitos urbanos em 11 concelhos do Médio Tejo, percorrendo, em média, cerca de 200 quilómetros diários, com o projeto a assentar em duas bases operacionais.

“Nos primeiros quatro meses de operação em Abrantes e nos últimos quatro meses em Tomar, sendo daí que se fará a ligação aos restantes concelhos”, indicou João Gomes, tendo acrescentado que o abastecimento do autocarro “será assegurado por uma estação de abastecimento de hidrogénio portátil”, localizada no Estaleiro Municipal de Abrantes, de novembro a fevereiro, e em Tomar, na Central de Camionagem, de fevereiro a junho.

Com uma lotação de 62 lugares (35 sentados, 25 de pé, 1 lugar para mobilidade condicionada e 1 lugar para o motorista), o autocarro H2 City Gold tem um consumo estimado de 06 kg de hidrogénio por 100 km percorridos, sendo que as baterias, os tanques de hidrogénio e a pilha de combustível estão colocados no tejadilho, “otimizando o espaço interior, tornando-o mais amplo”, indicou o responsável da MédioTejo21.

Este autocarro, salientou, “destaca-se pela sua modularidade, autonomia e lotação elevada, segurança e simplicidade de utilização, adaptando-se facilmente a qualquer ambiente urbano”, acrescentado que, “com o seu baixo nível de ruído, contribui simultaneamente para um ambiente mais limpo e agradável”.

A iniciativa surge no contexto da participação da Médiotejo21 no projeto europeu Hy2Market, programa que “liga regiões de toda a Europa que trabalham em várias inovações para impulsionar a produção, o transporte e a utilização de hidrogénio verde”.

No Hy2Market, precisou João Gomes, “colaborarão 38 parceiros de 10 regiões europeias (Bélgica, Itália, Grécia, França, Países Baixos, Áustria, Portugal, Espanha e Roménia), com os intervenientes no mercado e as instituições (de conhecimento) a trabalharem em conjunto em inovações, estudos e investimentos para criar uma cadeia de valor do hidrogénio robusta e inovadora, partilhando ao longo do programa as experiências e conhecimentos adquiridos”.

A partir de segunda-feira será dado início ao “projeto piloto de demonstração de um autocarro a hidrogénio em contexto real de operação, visando contribuir para o desenvolvimento e implantação de soluções de mobilidade mais sustentáveis e carbonicamente neutras”, indicou João Gomes, tendo afirmado que o projeto vai além do autocarro.

“Nós não olhamos só para um projeto de mobilidade, porque ele é importante, mas também para todo o ‘know-how’ que pode trazer à nossa região, porque nós sabemos que se houver aqui um autocarro que funcione a hidrogénio, nós vamos ter de ter o abastecimento desse autocarro e vamos ter de criar outras sinergias”, com “saber e investimento que será canalizado para a nossa região” no âmbito do projeto europeu, que vai ter uma periodicidade de três anos.

“Já há algum tempo que o Médio Tejo ficou sinalizado como uma região hidrogénio e é isso que estamos a trabalhar”, frisou, tendo indicado que este programa vai ter várias áreas de trabalho entre os diversos parceiros, como a “gestão e coordenação, sistemas de produção e gestão de hidrogénio verde, transporte de hidrogénio, utilização industrial de hidrogénio e utilização de hidrogénio de mobilidade”, sendo este último o que o Médio Tejo vai desenvolver, a par de “uma plataforma de intercâmbio de conhecimento e a colaboração da comunicação e divulgação de aceitação ao público”.

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