António Telles homenageado em Salvaterra de Magos (com Fotos)

22 Julho 2023, 3:20 Não Por João Dinis

Precisamente no dia em que se cumpriam 40 anos em que seu pai, Mestre David Ribeiro Telles, lhe concedia a alternativa na Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa, António Ribeiro Telles foi homenageado em Salvaterra de Magos, num ano em que não irá atuar na sua terra natal, Coruche, por decisão da empresa que gere agora os destinos da Monumental do Sorraia.

A Comissão de de Amigos da Praça de Touros de Salvaterra de Magos, em parceria com a Misericórdia loca, proprietária do imóvel, organizaram uma corrida de touros, bem como uma homenagem a António Ribeiro Telles, que além de uma calorosa ovação no centro da arena, viu também ser-lhe outorgada uma placa evocativa da efeméride no interior da bonita e bem cuidada centenária praça salvaterrense.

Lidaram-se touros da ganadaria coruchense Vale do Sorraia, que saíram à arena bastante bonitos e com a típica casta portuguesa que os caracteriza.

A nível artístico, António Telles foi autor de uma primeira passagem mais discreta pela arena salvaterrense.
O toiro teve tónica de manso e o cavaleiro teve de porfiar para cumprir. Frente ao segundo houve António, muito mais António Telles, protagonizando uma actuação de grande nível artístico, com poderio e a sua costumeira classe e elegância na interpretação das sortes frontais e reuniões exímias.

Luís Rouxinol, à semelhança do que havia acontecido com António Telles, destacou-se na lide do segundo toiro do seu lote, deixando três bons compridos, evoluindo nos curtos, montando o seu cavalo Douro, com ele bregando de forma muito ligada, rematando as sortes. Terminou em crescendo com um bom par de bandarilhas e um bom palmito.
A sua segunda prestação foi mais morna, com altos e baixos, um violino que não se concretizou… Actuação em tom apenas regular.

Se a sua primeira lide se ficou pelo tom cumpridor e correcto, mas sem brilhantismos, frente ao segundo toiro do seu lote, Miguel Moura arrebatou, empolgou, com um triunfo de muitos, mas mesmo muitos quilates. Há o bater de palmas porque sim, mas há aquele bater de palmas genuíno, que sai de dentro e foi isso que o Miguel provocou em Salvaterra. Todos, mas mesmo todos se levantaram dos seus lugares, de forma espontânea e natural, numa galvanização absoluta, naquele que volto a escrever, é o mais Moura dos Mouras da actualidade.
A forma como cravou o primeiro curto e levou consigo um toiro ainda com muita velocidade, a forma como conduziu a duas pistas o seu cavalo, foi qualquer coisa de indescritível. Depois, o resto, foi mais e melhor a cada bandarilha, com o conclave a pedir mais e mais… Terminou com dois palmitos, mas poderia ter continuado, porque não aborreceria ninguém.
Um triunfo gordo, que pode, deve e é justo que o coloque em cartéis de competição, de postim e que faça parte da lista de figuras do nosso país.

As pegas da noite, estiveram destinadas aos Grupos de Forcados Amadores de Santarém e Ribatejo.

Pelos Amadores de Santarém, foram na linha da frente os forcados, João Fado e Vasco Salazar, em consumações ao primeiro intento e; Pedro Valério, à segunda tentativa.

Vestindo a jaqueta dos Amadores do Ribatejo, pegaram de caras: André Laranjinha, à primeira muito boa tentativa e Ricardo Regueira, também ao primeiro intento. A última pega não aconteceu devido ao facto do toiro se ter inutilizado.

O festejo foi dirigido pelo Delegado Técnico Tauromáquico Manuel Gama, assessorado pelo Médico Veterinário, José Luís Cruz, sendo cumprido um oportuno minuto de silêncio em memória do cavaleiro Rui Alexandre, falecido recentemente.

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