Agricultores de Vila Franca contra mais barragens no Tejo

Embora considerem que é “absolutamente necessário um plano de resiliência para o Tejo, é absolutamente necessário coordenar todos os usos, articulando todas as entidades, a produção de energia, a agricultura, o turismo”, os agricultores de Vila Franca de Xira são contra a construção de mais barragens no Tejo e temem mesmo que a existência de mais obstruções ao curso natural do rio possa afetar ainda mais a salinização da água, que se faz sentir cada vez mais na região.

Essa foi a ideia deixada por Catarina Madaleno, Diretora da Associação de Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, que reconhece que “o Tejo merece um grande projeto que concilie todas as atividades” pelo que é necessário que “o Projeto Tejo seja global e que sirva todos os interesses”.

Para a responsável é preocupante que um projeto global para o Tejo “comece tão a montante”, considerando esta que o mesmo “deveria começar mais a jusante”.

Ainda que Catarina Madaleno se demonstre preocupada com a criação de uma nova barragem no Tejo, na zona de Santarém, esta acredita que em termos ambientais a mesma seria inviabilizada.

Quem também se demonstra com uma posição contrária à criação de mais uma barragem no Tejo é António Coelho de Sousa, Presidente da Companhia das Lezírias, que refere que a barragem que agora está a ser equacionada já existe, “o Cabril, por exemplo, poderia ser utilizada para fins múltiplos e ia ter uma influência positiva sobre o caudal do Tejo”.

“Penso que a água é suficiente, só em anos complicados é que não será, mas há que fazer algumas intervenções, mas não sou apologista de novas barragens, elas já existem, pode haver reutilização, modernização e com isso resolver-se o problema do caudal do Tejo, porque os espanhóis fizeram isso e resolveram o problema deles e nós continuamos a discutir o Tejo”, considera o responsável pela Companhia das Lezírias que tem grande parte da sua atividade ligada ao Tejo.

Para os responsáveis é essencial que exista uma articulação entre as entidades e os usos “porque existem diversas intervenções mais pequenas que podem ser feitas antes de ser feita a barragem”, ainda que considerem que a “construção de uma barragem no Tejo ao nível nacional é uma decisão politica, estratégica, daquilo que será o recurso Tejo.”

 Recorde-se que recentemente a Associação de Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, Companhia das Lezírias e Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, demonstraram a sua grande preocupação com a cada vez maior salinização, tendo mesmo assinado um protocolo de cooperação no projeto StopDesertTejo, que visa combater a desertificação com a beneficiação e restauro de ecossistemas mediterrânicos na Zona de Proteção Especial (ZPE) do Estuário do Tejo e em área de Rede Ecológica Nacional (REN) com risco elevado de erosão hídrica do solo.