Acidente que vitimou jovem GNR volta a reavivar problemas da fatídica EN119
30 Janeiro 2025, 11:02O acidente que matou o jovem militar da GNR André Jesus, com 26 anos de idade, ocorrido ao início da noite de ontem, 29 de janeiro, na Estrada Nacional 119, em Foros de Almada, concelho de Benavente, voltou a colocar na ordem do dia as diversas problemáticas da fatídica Estrada Nacional 119.
André Jesus seguia no banco do pendura, ao lado do seu colega Brendon Lopes, depois de terem sinalizado uma situação semelhante à que se acabou por revelar fatal.
Minutos antes do trágico acidente, os Guardas Florestais, afetos ao Destacamento da GNR de Coruche, tinham sinalizado as equipas da MEO, durante a intervenção de estabilização de um poste que transporta os cabos de telecomunicações, que havia perdido a estabilidade, fruto das chuvas que se abateram na região, e estava caído na estrada.
Cerca de cinco quilómetros mais à frente um poste semelhante estava na mesma situação. A escassos metros da estrada, um poste estava em situação semelhante, mas não havia ainda sido reportada a situação.
Um camião que seguia no sentido contrário ao dos militares da GNR acabou por não conseguir evitar o embate, vindo a destruir o poste.
A parte do poste, com 1 a 2 metros, acabou por atingir a carrinha dos militares, entrando pelo para-brisas com grande violência, atingindo-os, levando a que os militares se despistassem, ficando a viatura imobilizada na faixa contrária à que seguiam, depois de terem também embatido num carro que seguia no sentido contrário.
O desfecho da história trágica é já do conhecimento de todos, o jovem André Jesus perdeu a vida e o seu colega Brendon Lopes está a lutar pela vida no Hospital de São José, em Lisboa.
No local, vários populares levantaram desde logo a questão do porquê de a estrada ter ao longo de vários quilómetros diversos postes de telecomunicações e eletricidade, colocados a escassos metros, e em alguns casos centímetros, da estrada, que diariamente é atravessada por milhares de veículos, centenas deles pesados e carregados com as mais diversas cargas, muitas delas de matérias perigosas.
Mas a problemática EN119, que ceifou já a vida a inúmeras pessoas, não se resume somente aos postes que estão à beira da estrada. Desde o seu início, junto ao Depósito de Material do Exército/Campo de Tiro, que a estrada apresenta graves problemas para quem a utiliza, desde buracos, raízes de árvores, bermas perigosas, entre outros problemas, a que acresce o facto de ser uma via estreita, em que duas viaturas pesadas quase se tocam quando se cruzam.
A via tem mesmo um projeto para a sua reconversão no IC13, há cerca de 20 anos, que teima em não sair do papel, não se sabendo também quais as intenções do Governo para a construção do novo Aeroporto de Lisboa, que irá certamente mudar o traçado da EN119.
Para a triste história desta estrada, que faz a ligação entre Lisboa e o Alentejo, e é uma das principais ligações aos concelhos de Benavente e Coruche, fica a morte do jovem André Jesus, com 26 anos de idade.
Natural da Golegã, André Jesus é filho de um militar da GNR, colocado em Tomar. Desde cedo e por influências do seu pai, que foi também Bombeiro na corporação da Golegã, o jovem decidiu enveredar pela carreira da GNR, onde o seu gosto pela natureza o levou a frequentar um dos cursos de Guarda Florestal.
Estava colocado no Destacamento de Coruche há cerca de ano e meio.
A sua morte deixou um rasto de consternação em todo o Destacamento, cujos militares receberam mesmo apoio psicológico.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Governo e a GNR lamentaram já a morte do militar, cujos detalhes das cerimónias fúnebres não são ainda conhecidos.