ICNF teve mais de 50 viaturas de combate a incêndios paradas enquanto bombeiros passaram Verão com falta de meios (com Vídeo)

26 Novembro 2024, 11:32 Não Por João Dinis

O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) tem atualmente mais de 50 viaturas de combate a incêndios paradas e sem qualquer utilização, estando a sua grande maioria parqueadas de forma até pouco resguardada, facto que está a motivar uma grande indignação por parte das corporações de bombeiros do país, depois de terem passado um verão em grande sobressalto com a época de incêndios, onde recorde-se, morreram nove pessoas, entre elas quatro bombeiros, em ocorrências que decorreram na zona centro/norte de Portugal.

De acordo com o que o NS apurou, a falta de operacionais para colocar os carros no terreno motivou que o ICNF tivesse as viaturas paradas e sem qualquer utilização, tendo no entanto negado o empréstimo ou cedência das viaturas aos corpos de bombeiros, que têm homens e mulheres disponíveis, mas que se encontraram impedidos de ir para o terreno por não terem meios para o fazer.

Segundo conseguiu apurar o nosso jornal, em causa estão viaturas ligeiras, adequadas ao combate inicial, e de grande mobilidade para acesso a terrenos mais difíceis, mas também veículos tanque de combate a incêndios.

Para equipar as viaturas, o ICNF, estima-se, necessitaria de cerca de 2 mil sapadores florestais, números que dificilmente serão recrutados num curto espaço de tempo.

As viaturas foram adquiridas, e entregues, ao abrigo do programa de investimento RE-C08-i04-02, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que destinou 15,9 Milhões de euros, para a aquisição de “179 veículos, maquinaria e equipamento de combate a incêndios bem como de prevenção de incêndios”, “2 helicópteros bombardeiros ligeiros (HEBL) e 9 helicópteros bombardeiros médios (HEBM)” e “2 radares de dupla polarização”.

A medida tinha como objetivo “reforçar as entidades do Estado envolvidas na prevenção e combate a incêndios rurais”, alavancando “a capacidade, em termos de infraestruturas e equipamento, da Força Aérea Portuguesa e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a fim de aumentar a sua eficácia e eficiência na prevenção e combate a incêndios rurais.”

Num vídeo, a que o NS teve acesso, podemos ver que grande parte das viaturas entregues ao ICNF se encontra parada, nos diversos parques do instituto que gere as florestas em Portugal, muitas delas sem qualquer proteção, o que fará com que se tornem obsoletas mais rapidamente.

Ao NS, António Nunes, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), esclarece que já falou com o Secretário de Estado da Proteção Civil, Paulo Simões Ribeiro, dando-lhe conhecimento que “o ICNF tem viaturas novas que foram adquiridas para o Fundo Ambiental, que estão paradas e que é absolutamente inaceitável e inadmissível que os bombeiros portugueses continuem a ter viaturas de combate a incêndios com mais de 30 anos de idade.”

Para António Nunes é inadmissível “que essas viaturas tenham sido adquiridas no fundo, com impostos ou taxas cobradas ao povo português, que permitiu adquirirem uma centena de viaturas”, e que os bombeiros não tenham acesso a equipamentos novos, pelo que “propusemos é que essas viaturas fossem entregue aos corpos de bombeiros, porque são eles que lhe poderão dar uma utilização, eu não diria diária, mas quase diária, no socorro às suas populações.”

“O Estado português deveria olhar para isso com maior racionalidade, com uma melhor gestão dos dinheiros públicos, porque se trata de dinheiros públicos”, afirma, concluindo, apelando, “se o ICNF, neste momento e nos próximos momentos, não tem capacidade para as utilizar deve entrega-las aos bombeiros como fez com algumas viaturas usadas que estavam para abater, que nós certamente que lhe vamos dar um uso devido que é salvar pessoas.”

O NS contactou o ICNF com o objetivo de obter esclarecimentos, no passado dia 15, sendo que o instituto não respondeu até ao momento. Através do seu gabinete de comunicação o ICNF lamenta que até ao momento não tenha sido possível a resposta às questões formuladas pelo nosso jornal.

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