Grávidas da Lezíria do Tejo não têm onde fazer ecografias obstétricas

26 Setembro 2024, 18:04 Não Por André Azevedo

Na região da Lezíria do Tejo não existem clínicas privadas que disponham de acordo com o Serviço Nacional de Saúde para permitir que as grávidas consigam fazer as ecografias obstétricas essenciais no acompanhamento médico durante os nove meses de gravidez.

À exceção do Hospital Distrital de Santarém, as clínicas, centros médicos e hospitais privados da região ou não fazem este exame ou não dispõe de acordo com o SNS. O exame varia de preços, mas os valores cifram-se em mais de casa das centenas na generalidade dos casos. No hospital da CUF-Santarém, a título particular, o exame custa 130€. Recorrendo a um seguro de saúde, após fazer algumas simulações em várias prestadoras, é possível constatar que um seguro que inclua exames obstétricos e acompanhamento da gravidez ascende a mais de 60€ mensais. Um valor que é incomportável para muitas famílias.

Já no HDS só é permitida a realização de exames a utentes que sejam seguidas nas consultas externas de obstetrícia ou através da marcação de exames de urgência, quando é detectado um problema no período de gestação.

Com as consultas de obstetrícia normais a terem um período de espera que ascende a mais de um mês e as prioritárias com 28 dias (à data de elaboração desta notícia), há utentes que optam por ser seguidas pelos médicos de família, nas Unidades de Saúde Familiares, que agora estão sob a gestão da Unidade Local de Saúde da Lezíria do Tejo. Ainda assim é lhes vedado o acesso à realização das ecografias no HDS.

Para conseguir realizar uma ecografia obstétrica no primeiro trimestre através do SNS é necessário as utentes deslocarem-se a Lisboa, onde, ainda assim, há apenas dois sítios – a Unilabs na Avenida da Liberdade e a Clínica de Chelas – onde as agendas estão preenchidas e é impossível realizar este exame antes de 2025.

Consultando a lista disponibilizada pela Entidade Reguladora de Saúde, datada de 1 de janeiro de 2024, verifica-se a não existência do exame na região e a grande maioria dos locais, fora do território da Lezíria, que ali figuram deixaram de ter acordo com o SNS para a realização do exame durante o decorrer do ano.

A esta problemática soma-se os encerramentos constantes das urgências de obstetrícia e a falta de profissionais, motivando muitas vezes deslocações de mulheres grávidas a unidades de saúde a centenas de quilómetros da área onde residem.

O NS tentou contactar a administração da Unidade Local de Saúde da Lezíria do Tejo e a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde para esclarecer o motivo das lacunas descritas nesta notícia, bem como o motivo de não se fazer ecografias a grávidas seguidas nas USF, mas até ao momento da publicação desta notícia não foi possível obter resposta de nenhuma das entidades.

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