Seguradoras alertam para falta de proteção contra risco catastrófico em Portugal
26 Agosto 2024, 12:42A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) alertou hoje para a necessidade de um sistema de proteção para o risco catastrófico em Portugal, salientando que apenas 19% das habitações têm atualmente seguro com cobertura de risco sísmico.
Num comunicado divulgado na sequência do sismo desta madrugada, a APS recorda que “ao longo de largas dezenas de anos” tem vindo a alertar para a necessidade deste sistema de proteção em Portugal, enfatizando que em causa não está “uma mera incerteza, mas sim um verdadeiro risco, de ocorrência certa, em momento incerto”.
De acordo com a associação, atualmente apenas 19% das habitações do país têm seguro com cobertura de risco sísmico, sendo que 47% não tem qualquer seguro e 34% tem seguro de incêndio ou multirriscos, mas sem cobertura de risco sísmico.
Assim, salienta, há “um enorme caminho a percorrer para que o parque habitacional seguro tenha o mínimo de proteção contra este tipo de eventos”.
E, se o sismo sentido hoje parece não ter originado danos, a APS nota que Portugal se encontra numa zona sísmica e “já foi seriamente afetado por um dos maiores sismos de que há registo, ocorrido em 1755 e que então arrasou parte da cidade de Lisboa e outras zonas do país”.
“O setor segurador, com a experiência que tem na gestão deste tipo de eventos, fruto do seu modelo de operação assente na mutualização e partilha de riscos e perdas a nível mundial, está disponível para dar o seu contributo, e já por diversas vezes apresentou ao Governo e ao parlamento uma solução possível de proteção de pessoas e habitações”, sustenta.
Neste contexto, a APS espera que o sismo hoje sentido “seja determinante para acelerar a decisão de criação de um mecanismo que ajude os cidadãos a enfrentar e mitigar as perdas que um sismo de grande intensidade pode causar” em Portugal.
Um sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter foi registado às 05:11 e teve epicentro a 58 quilómetros a oeste de Sines, no distrito de Setúbal. O abalo não causou danos pessoais ou materiais, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e proteção Civil (ANEPC).
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), “até ao momento foram registadas quatro réplicas de pequena magnitude, não tendo nenhuma delas sido sentida pela população”.