Dificuldades com mão de obra no campo tem encarecido preço do Melão D’Almeirim
15 Agosto 2024, 12:28O Melão D’Almeirim é, a par da Sopa da Pedra e das Caralhotas, um dos produtos mais característicos do concelho e da região do Ribatejo. O verde escuro distingue-o do tradicional melão branco assim como a sua consistência mais rija e menos aguada.
“Um bom Melão D’Almeirim aguenta até ao Natal, se não se comer antes”, afirma Rui Constantino, um dos três produtores deste fruto regional, enquanto acarta caixas para a banca de promoção do Melão D’Almeirim, junto à Arena, e que explicou ao NS algumas das particularidades deste fruto, bem como algumas das dificuldades que os produtores enfrentam.
Para além de Melão D’Almeirim, o agricultor de 55 anos dedica-se à produção de bróculos, ervilhas e curgetes. A principal dificuldade que destaca é transversal ao setor da agricultura, seja qual for a colheita – a mão de obra.
No campo, diz Rui Constantino, hoje em dia encontra-se maioritariamente trabalhadores estrangeiros, muitos dele oriundos de países como a Índia, o Paquistão ou o Bangladesh. Especialmente para trabalhos não especializados, ou seja, o trabalho mais braçal. Devido à falta de mão de obra nacional, o agricultor diz que só consegue recorrer aos serviços de trabalhadores estrangeiros e mesmo assim é escassa para as necessidades. “Antigamente fazia uma média de 15 caixas de melão por dia. Agora não se ultrapassa as nove”, lamenta o agricultor.
“Os portugueses, a maioria deles só quando estão com a corda ao pescoço. Aparecem um ou dois dias e pedem logo o pagamento no fim do dia”, vinca o agricultor, que se queixa ainda do encarecimento da mão de obra, ainda mais se for especializada.
Rui Constantino chegou a pagar perto de 100 euros por dia a um tratorista, o que se traduz em cerca de 2500 euros por mês.
“Não é que não seja dinheiro merecido, mas é demasiado caro para o rendimento que tenho”, explica ao NS.
Melão D’Almeirim é único no país
É logo durante a plantação, que decorre entre abril e junho como indica o Caderno de Especificações de Indicação Geográfica Protegida, que o Melão D’Almeirim tem a sua primeira especificidade. “Quando ele chega a uma certa altura tem que ser tapado com palha, porque depois nessa altura ele começa a encher. A gente reduz a água e as folhas desidratam um bocadinho, ou seja, murcham e entra mais o sol e se não for tapado com a palha queima”, refere o também presidente da Associação Comercial e Empresarial do Concelho de Almeirim “MOV Almeirim”.
Ao contrário do melão branco, que pode ser plantado em qualquer lugar, o Melão D’Almeirim só pode ser plantado nos campos da Ribeira de Santarém, na freguesia de Muge (Salvaterra de Magos) e em Almeirim, zonas onde os três produtores detém os seus terrenos.
Rui Constantino, que é também um dos responsáveis pelo processo de certificação, explica que apesar de ser um negócio de nicho, e que a venda é feita praticamente só em território almeirinense, obter a certificação de produto tradicional ajuda a proteger a autenticidade e valorizar o fruto e a sua produção.
“Vê-se Melão D’Almeirim escrito em todo o lado e não é de Almeirim” lamenta o agricultor, lembrando que o verdadeiro Melão D’Almeirim identifica-se por ser vendido dentro de uma rede verde e por ter o autocolante que certifica que é verdadeiro.
A produção não é muito elevada, segundo o produtor, porque os custos são cada vez mais altos, o que encarece o produto final. Ao NS, Rui Constantino explica que cultiva menos de um hectare de terreno, à semelhança dos outros dois produtores. O aumento generalizado dos preços durante e após a pandemia também afetou estes produtores, especialmente com o encarecimento do fertilizante. Os melões variam os preços entre os três e os nove euros (conforme o tamanho e o peso), com os três produtores a combinarem um preço mínimo de venda para não desvalorizarem os melões uns dos outros.
Como escolher um bom melão?
“Para mim, um bom melão tem que ser um melão pesado”, explica o agricultor, revelando que o segredo para escolher um melão com qualidade está no peso. Um melão mais pesado significa que está cheio, que maturou bem.
[…] Aqui temos o típico patrão tuga, queixa se da falta de mão de obra o quê estranho dado que o desemprego está em altas especialmente tendo em conta a época de Verão que costuma ser onde existe maior empregabilidade, diz que por isso têm de recorrer a mão de obra estrangeira. Mas aquilo que me deixou ainda mais indignado foi sem problemas nenhuns dizer que combina os preços com os outros produtores para garantir um preço mínimo. Fonte da Imagem: https://noticiasdosorraia.sapo.pt/dificuldades-com-mao-de-obra-no-campo-tem-encarecido-preco-do-mela… […]