Com 43 anos de serviço público Ricardo Costa é o autarca mais antigo de Portugal

29 Julho 2024, 15:09 Não Por André Azevedo

Ricardo Costa já era autarca quando alguns dos leitores desta entrevista ainda não eram gente. Começou como tesoureiro na extinta Junta de Freguesia de São Vicente do Paúl há 43 anos, tornando-o no autarca português há mais tempo em atividade.

Depois de dois mandatos como secretário em que integrou a lista da CDU, foi escolhido para concorrer à presidência da Junta de Freguesia, em 2001. Em 2013 a famosa “Lei Relvas” juntou as freguesias de São Vicente do Paúl e Vale Figueira e nem essa agregação fez com que fosse eleito outro presidente.

Conciliou o cargo de presidente da Junta com a empresa do setor têxtil que fundou e da qual já se reformou, mantendo-se apenas como autarca.

O final da atividade autárquica tem data à vista. Está a cumprir o seu último mandato, que cessará nas eleições autárquicas de 2025.

NS: Como é que entra na política?

RC: Eu entrei na política jovem ainda. Porque na minha terra, que eu sou de São Vicente do Povo e já antes de 1974, antes da Revolução, o meu padrinho era o regedor, e eu já o acompanhava no associativismo. Depois comecei a ganhar o bicho, sempre procurando desenvolver e trabalhar para a minha terra. Depois acabou por surgir a candidatura para autarca.

NS: São os autarcas os políticos mais importantes da nação?

RC: Exatamente porque nós temos um trabalho de proximidade e é neste tipo de aldeias que as pessoas precisam de apoio e a nossa missão é ajudá-los a resolver os problemas. Nós (autarcas) somos o suporte de ajuda dos munícipes e dos nossos fregueses.

NS: O que é que caracteriza um bom autarca?

RC: É procurar fazer o melhor que puder pela sua terra, todas as pessoas, aquilo que necessitarem. Estar próximo delas e ajudá-as. Portanto, isso é a base principal para um autarca, saber lidar com com as pessoas, conhecê-las e resolver os problemas que se deparam diariamente. O papel das freguesias é cada vez é mais. Mais exigências, temos competências, temos centralização. Nós temos o apoio das populações porque resolvemos muita coisa.

NS: Passou por vários partidos. Quais?

RC: Iniciei a atividade política na autarquia em 1982, pela Aliança Povo Unido (APU). Concorri duas vezes pela APU. Concorri em três mandatos pela CDU. Depois aconteceram problemas a CDU naquela altura tinha, que era que eles exigiam. Que para mim não estava correcto. Quando os orçamentos da Câmara eram votados na Assembleia Municipal a CDU exigiu que seus membros votassem contra. Eu nunca podia votar contra quando vinham obras, valores para a minha terra. Portanto, a partir daí não podia aceitar esta forma de fazer política. Se não São Vicente do Paúl, na altura, e a união de freguesias agora, não tinha nem metade do património que tem.

Depois montámos o Movimento Independente São Vicente do Paúl. E depois, em 2013, o Movimento Independente de Freguesias Unidas.

NS: Viu passar muitos presidentes da Câmara. Qual é que recorda como mais marcante?

RC: Eu não tenho razão de queixa de nenhum. Sempre usei a política de defesa da minha terra e sempre bem, com a Câmara Municipal. O José Miguel Noras foi um grande amigo também da nossa freguesia. Depois veio o Rui Barreiros, depois veio o Moita Flores, depois veio o Ricardo Gonçalves, também também grande amigo, e passei por eles todos, por estes presidentes todos e tivemos sempre as melhores relações. Era o que me interessava para conseguir mais valores, mais obras para a minha terra.

NS: Qual é que define como a sua grande conquista enquanto presidente da Junta e da União de Freguesias?

RC: Em São Vicente temos uma série de associações. Todas elas com direcções e todas elas em movimento e a fazerem actividades. O Pavilhão Gimnodesportivo realizado com o apoio da população, com o apoio da Câmara Municipal de Santarém ainda com o senhor Presidente José Miguel Noras. Temos um clube ativo, que é o Clube Andebol de São Vicente e já fomos campeões distritais, já estivemos no Nacional e hoje temos algumas quatro equipas, cinco equipas de escalões de formação e temos a equipa sénior que disputa portanto o campeonato distrital.

Para além disso, temos escolas, temos jardins de infância que tem duas salas, com 30 e tal alunos.

NS: Cumpriu mandatos como candidato com partido, cumpriu mandatos como candidato independente. O que é que é mais fácil?

RC: Mais fácil era concorrer com o apoio do partido. O movimento independente precisa de tratar da documentação toda e de assinaturas da população. Com o apoio de um partido é mais fácil, porque o partido é que trata de tudo, nós só preenchemos as as candidaturas.

NS: O que o levou a fazer isto durante tantos anos?

RC: Sinceramente é preciso gostar da terra. É preciso sentir os sentimentos de toda a população e essa tem sido uma das razões. Tenho procurado sempre fazer o melhor. Um autarca nunca fica satisfeito quando com as obras que vai fazendo. Conclui-se uma e quer-se logo começar outra. E a razão de ter continuado é ver que estamos a trabalhar e a construir equipamento e serviço para a nossa população. Portanto, isso é uma das razões que até à data, tem levado a que sempre ganhe força para me continuar a candidatar, conforme tem acontecido ao longo destes mandatos todos.

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