Festival Terras sem Sombra leva espetáculo aquático e tradição a Coruche
25 Junho 2024, 19:22Coruche receberá nos dias 29 e 30 de junho, sábado e domingo o Festival Terras sem Sombra (TSS), que levará à vila ribatejana um concerto aquático bem como as tradições do concelho como o património religioso e uma homenagem à cortiça.
“O terceiro concerto da 20.ª edição desta temporada musical arreigada ao Alentejo, encontra novos horizontes contíguos à planície, em pleno Ribatejo”, anuncia a organização.~
O concerto aquático, em pleno rio Sorraia, irá trazer momentos de rara beleza, num cenário idílico como as margens do rio que banha a vila de Coruche.
Dedicado a Itália, país convidado este ano do Festival Terras sem Sombra, o espetáculo promete uma viagem musical que se faz em torno de obras, entre outros, de nomes maiores como Marc-Antoine Charpentier, Georg Friedrich Händel, Jean-Baptiste Drouart de Bousset, Pedro Lopes Nogueira e Henry Purcell. A António Carrilho competem a direcção musical e as flautas. Carrilho é um notável intérprete de flauta de bisel, pedagogo e maestro, várias vezes premiado. Organiza os Cursos Internacionais de Música Antiga da Casa de Mateus. Ao palco sobe também Duncan Fox (violone), um estudioso de instrumentos de corda e de tecla de época, dando especial atenção ao violone. Helena Raposo (tiorba e guitarra barroca) tem atuado em Portugal, Espanha, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Itália e Alemanha, com diversos ensembles, tanto como solista, como contínuo/acompanhamento. É diretora artística e professora no Early Music Summer Camp, em Castelo Novo. O quarteto completa-se com Armando Possante, barítono que se apresenta regularmente como solista em recital, oratória e ópera, tendo colaborado com as principais orquestras e maestros do país.
Património: entre o Sagrado e o Profano
Na sua dimensão patrimonial, o programa do TSS em Coruche contempla a atividade subordinada ao tema “Devoção e História: O Santuário de Nossa Senhora do Castelo e o Centro Medieval de Coruche». Com ponto de encontro marcado para o santuário de Nossa Senhora do Castelo, a 29 de junho, pelas 15 horas, a agenda da tarde completa-se a vários tempos. A visita orientada por Dulce Patarra e Aníbal Mendes, do Museu Municipal de Coruche, e José António Falcão, historiador de arte com obra publicada sobre a arte sacra de Coruche, parte de um miradouro privilegiado sobre as terras contíguas.
Ali, onde a planície arborizada cede lugar às alturas, erigiu-se o santuário mariano de Nossa Senhora do Castelo que deve o seu nome ao assentamento outrora nele existente, de reconhecida importância estratégica no processo da “Reconquista” cristã. Reza a lenda que terá sido fundado por D. Afonso Henriques, em agradecimento a Santa Maria, após a tomada do castelo aos mouros. Na tribuna do altar-mor, a imagem de Nossa Senhora do Castelo, padroeira da vila, tem o Menino ao seu lado.
O périplo do TSS pelo centro histórico da vila termina com uma receção no Museu Municipal, equipamento inaugurado em 2001 e que tem por especial missão inventariar, salvaguardar e divulgar o património local, tanto material como imaterial. Oportunidade para os participantes da atividade assistirem à inauguração da exposição “Armindo Cardoso: Um Fotógrafo Humanista em Coruche”. Mostra que salienta o percurso de um homem, nascido no Porto em 1903, e a marca que deixou na sua passagem por Coruche, de 1979 a 1989. Um cidadão do mundo, de França ao Chile, e um profissional que documentou profusamente o país após a Revolução de Abril, Armindo Cardoso fotografou, com talento plástico e argúcia documental, operários, agricultores, corticeiros, mineiros, pescadores, manifestações e reuniões de trabalhadores.
Uma homenagem à cortiça e ao montado
Num concelho onde é extraída aproximadamente 10% da cortiça nacional, a atividade do TSS dedicada à Salvaguarda da Biodiversidade faz justiça a esta feição corticeira. A 30 de Junho, pelas 9.30 horas, o festival tem encontro marcado para o Largo de São José, ponto central da aldeia de São José da Lamarosa. O objetivo da atividade com o tema “Património da Humanidade: O Montado e o Sistema Agro-Silvo-Pastoril”, é a herdade dos Leões, uma conhecida fazenda desta castiça freguesia coruchense, exemplar do ponto de vista da exploração da cortiça em moldes modernos e sustentáveis. Ali, vai-se assistir a uma tirada de cortiça, sob a orientação do respetivo proprietário, o perito subericultor José Custódio Alves, e de José Mira Potes, especialista em Agro-Silvo-Pastorícia, antigo professor da Escola Superior Agrária de Santarém.