Pequenos sinais podem ser fundamentais para detectar abusos a crianças
28 Novembro 2023, 19:39Numa organização da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Coruche realizou-se uma palestra, destinada a profissionais das áreas que trabalham com crianças e jovens, e que alertou para as necessidades de prevenir e atuar perante abusos sexuais.
Intitulada “Abuso Sexual: Prevenir e Atuar”, a palestra teve como oradores Ana Silva, psicóloga da Rede Care, da APAV, e José Matos, coordenador de investigação criminal dos crimes sexuais da Polícia Judiciária, que abordaram a temática e deixaram aos assistentes importantes notas para a deteção e prevenção de abusos sexuais sobre crianças.
Ana Silva deixou aos assistentes toda a experiência da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima sobre a temática, salientando que a “Internet é cada vez mais utilizada para este tipo de ações”, que são muitas vezes praticadas de forma quase oculta e para as quais é agora necessário ainda mais atenção.
De acordo com a especialista, é fundamental que se consigam identificar pequenos sinais comportamentais nas crianças que podem revelar que algo de diferente se está a passar com eles.
Além das lesões físicas que são visíveis e que devem alertar de imediato os pais ou tutores, sinais como o isolamento, tristeza, problemas de saúde, perda de apetite prolongado, devem ser encarados como sinais de alerta e tomadas as devidas precauções.
A Polícia Judiciária tem enfrentado situações bastante marcantes, tendo nos últimos anos aperfeiçoado as suas técnicas, que levaram nos últimos quatro anos à detenção de mais de 300 abusadores, referiu José Matos, que atualmente coordena o departamento especializado da polícia que investiga este tipo de crimes em Portugal.
José Matos salientou, perante o Auditório do Pavilhão Municipal de Coruche, cheio de professores, auxiliares e profissionais, que não deverão temer denunciar alguma situação suspeita, pois o facto do abuso sexual de menores se tratar de um crime público protege também os denunciantes.
O inspetor salientou ainda que é fundamental a proteção da criança, e evitar que esta sofra repetidamente com o facto de ter que repetir inúmeras vezes a experiência negativa, pelo que as denúncias deverão ser remetidas diretamente à Polícia Judiciária.
Apesar de 16% das denúncias se revelarem falsas, José Matos salientou que é importante que qualquer suspeita venha a ser relatada aos inspetores, que procederão depois à investigação e esses sim às conclusões.
O responsável policial deixou ainda uma crítica e alerta às escolas, que muitas vezes embrenhadas nos rankings preferem esconder ou encapotar os casos, incorrendo muitas vezes em crimes graves.
A sessão de abertura foi realizada por Francisco Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Coruche, que deixou uma palavra de apreço à CPCJ de Coruche, bem como realizou uma introdução ao tema que iria ser debatido.
Luísa Jorge, Presidente da CPCJ de Coruche, começou por agradecer a todos os que marcaram presença na palestra.
De acordo com a responsável, até agora, no concelho de Coruche não existem casos sinalizados de abuso sexual de menores, algo que considera bom, mas algo para o qual é necessário estar extremamente atento.