Alunos do Instituto Politécnico de Santarém descontentes com falta de alojamento
4 Novembro 2023, 9:37“É preciso cativar os alunos ou arriscamo-nos a perdê-los para outras escolas superiores” alertou o representante dos alunos, André Pinto, dando nota do descontentamento geral dos alunos da instituição com a falta de alojamento e de iniciativas académicas e não académicas após o horário escolar, durante a sua intervenção na sessão solene que marca o início do ano lectivo.
O representante frisou que a construção dos novos alojamentos é bem vinda, mas que já vem atrasada, alertando que os alunos se têm sentido esquecidos pelas entidades. “Há alunos que têm que viajar todos os dias de Lisboa ou até do Alentejo porque não há alojamento onde possam ficar”, vincou. A falta de iniciativas académicas e de divertimento foi também lembrada por André Pinto que garantiu que as iniciativas que as associações de estudantes tentam empreender são muitas vezes barradas, sejam elas no interior da escola ou no exterior.
O representante pediu ainda mais investimento em áreas como o desporto, a acção social ou a saúde mental, de forma a contribuir para a criação de atratividade para novos alunos, como para cativar os alunos que frequentam a escola, de forma a que estejam mais motivados e felizes, e, por parte das Câmaras Municipais mais trabalho para fixar quer jovens quer empresas no território.
O presidente da Câmara de Rio Maior, Filipe Santana Dias, onde serão construídas duas das novas residências do IPS, uma da responsabilidade da academia e outra da Câmara Municipal, parabenizou André Pinto pela coragem de trazer as preocupações dos alunos à sessão. O autarca lamentou também a falta de coragem política para a decisão de criar residências para estudantes. Filipe Santana Dias adereçou ainda que a Escola Superior de Desporto, sedeada em Rio Maior, conta com mais de mil alunos, o que representa cerca de 10% da população total da cidade de Rio Maior, garantindo que têm um impacto considerável na economia local e que Rio Maior só beneficia de ter esse número de alunos. O autarca, que contará com mais 170 camas para alojar estudantes na cidade, com a construção das novas residências, registou ainda a disponibilidade para criar mais residências no concelho.
Ricardo Gonçalves usou da sua alocoção na sessão solene para justificar que a Câmara de Santarém tem apoiado sempre as iniciativas dos alunos, mesmo que uma grande fatia da população esteja contra, lamentando que estejam mais preocupadas com o barulho e o lixo que os estudantes fazer do que com o contributo que quase cinco mil estudantes dão para a economia local. “É uma mentalidade que tem que se mudar”, lamentou o presidente da Câmara.
O autarca aproveitou ainda para lamentar o chumbo da criação de residências nos edifícios da antiga Escola Prática de Cavalaria por “não terem inovação suficiente”, motivo que diz não entender. O autarca atirou-se também à presidência do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) que, garante o autarca, por incúria não levou para a frente uma candidatura a fundos comunitários, deixando o IPS orfão de cinco milhões de euros em apoios. Ricardo Gonçalves embalou e deixou fortes críticas ao governo, que diz ter “falhado com o anúncio da criação de residências de estudantes”. O governo central anunciou que até 2019 seriam construídas cerca de 20 mil residências, não tendo nenhuma sido concluída dentro do prazo anunciado. “Se não houvesse Plano de Recuperação e Resiliência não havia residências nenhumas”, atirou Ricardo Gonçalves, acrescentando que foi preciso haver, infelizmente, uma pandemia para virem fundos europeus extra, para serem construídas as residências para alunos.