Trinta médicos especialistas em falta nos quadros do Hospital Distrital de Santarém

26 Setembro 2023, 12:53 Não Por André Azevedo

Embora o concurso para a colocação de médicos especialistas tenha preenchido nove vagas no Hospital de Santarém, ficam ainda em falta cerca de 30 clínicos nas especialidades de anestesiologia, ortopedia, optometria e oftalmologia, obstetrícia e medicina interna. A informação foi avançada ao NS por Pedro Frazão, vice presidente da direcção nacional do partido CHEGA, que liderou a comitiva que visitou o Hospital Distrital de Santarém durante a manhã de segunda-feira, 26 de Setembro, com o objectivo de reunir com a administradora do hospital, Ana Infante, para discutir as várias problemáticas que têm afectado os utentes nos últimos tempos, nomeadamente a falta de médicos em algumas especialidades ou a falta de aparelhos de climatização em alguns pisos.

Ao NS, Pedro Frazão referiu que há “uma enorme falta de quadros médicos” no HDS, nomeadamente nas especialidades de anestesiologia, ortopedia, optometria e oftalmologia, obstetrícia e ainda medicina interna. O número dois do CHEGA garante que são “especialidades que constrangem o serviço de urgência e de cirurgia”. Pedro Frazão assegurou que, conforme relatado pela administração do HDS “ao contrário do que o ministro da Saúde prometeu, o concurso que terminou o mês passado só trouxe mais nove médicos especialistas ao hospital de Santarém”, ficando 30 vagas de médicos especialistas por preencher. “A doutora Ana Infante garantiu-me que essa falta é suprimida com a contratação de médicos tarefeiros e não estará em causa o atendimento. O que é facto é que no SNS e neste hospital distrital continuamos a ter um problema de recursos humanos, especialmente nos médicos”, vincou o autarca de Santarém.

Outro das motivações da visita da comitiva do CHEGA ao HDS prendeu-se com a falta de aparelhos de climatização em alguns pisos, nomeadamente o piso 4 e 5. O vereador da Câmara de Santarém teve conhecimento de queixas feitas por vários utentes, durante o mês de Agosto das altas temperaturas que se faziam sentir nesses pisos, e que obrigaram até os utentes a comprar ventoinhas para fazer face ao calor, conforme noticiou o NS a 24 de Agosto.

À data da publicação dessa notícia foi pedido um esclarecimento à administração do HDS sobre o que levou a essa situação, sendo referido que “Face às elevadas temperaturas que se fazem sentir nestes dias, ocorreu uma avaria nos chillers do ar condicionado (não arrancam e não arrefecem a água), encontrando-se em processo de reparação”, citando ipsis verbis a resposta enviada pelo HDS. Pedro Frazão garantiu ao NS que não existe qualquer climatização nos referidos pisos “a informação que eu tenho e que me foi transmitida pela administração é que esses pisos nunca tiveram ar condicionado”, referindo ainda que o projecto para a implementação dos aparelhos de climatização, aprovado pelo Ministério da Saúde, mas que foi impugnado, “voltou a ser aprovado e está no Ministério das Finanças para ser aprovado”.

O NS pediu esclarecimentos à admistração do HDS sobre o projecto da climatização destes pisos, bem como sobre as vagas de especialidades que foram preenchidas e que ficaram por preencher, mas até à data e hora da publicação deste artigo, e após várias tentativas para que a houvesse, não obtivemos qualquer esclarecimento.

Questionado sobre a definição de prioridades orçamentais do Hospital, que por exemplo gastou 738 mil euros na pintura da fachada do edifício e zonas circundantes, enquanto há equipamento médico obsoleto por substituir, Pedro Frazão referiu que “era uma necessidade manifesta o edifício ser pintado para fazer com que as pessoas venham de forma mais agradável para o edifício do hospital. Ninguém gosta de se dirigir a um edifício que está mal pintado e que se vê de fora que está degradado. Se existiam outras prioridades, isso faz parte da escolha da administração. Acredito que possam existir mas neste momento não tenho condições para poder avaliar”. Ainda assim Pedro Frazão garante que “mais importante que as paredes são as pessoas”, referindo-se quer a utentes quer a trabalhadores, referindo a pouca atractividade das carreiras, que leva os concursos a ficarem desertos ano após ano. “As pessoas continuam a reclamar, as urgências continuam a ter constrangimentos e divergência de doentes. Diverge-se politraumatizados, mulheres grávidas ou situações clínicas graves para outros hospitais como o Centro Hospitalar do Médio Tejo, Vila Franca de Xira ou mesmo para Lisboa”.

A comitiva, da qual fizeram parte, para além de Pedro Frazão, Diamantino Pedro e David Correia, eleitos nas Assembleias Municipais de Salvaterra de Magos e Santarém, respectivamente, aproveitou ainda para visitar o bloco de partos, a obra do novo serviço de anatomia patológica e gabinete médico legal, que se prevê inaugurar até ao final de 2023 e ainda ao serviço de psiquiatria do HDS. Pedro Frazão revelou ainda ao NS que se avizinham mais visitas similares, com a próxima a decorrer a 16 de Outubro no Centro Hospitalar do Médio Tejo.

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