Professor da Escola de Desporto de Rio Maior considera que CR7 é “o melhor exemplo de todos em termos profissionais”

3 Fevereiro 2025, 9:15 Não Por Lusa

O professor de fisiologia do exercício Rafael Oliveira considerou que o futebolista Cristiano Ronaldo “é o melhor exemplo” de profissional a nível de cuidado físico, acreditando que haja fatores genéticos que ajudem à ausência de lesões.

Em declarações à agência Lusa, o professor da Escola Superior de Desporto de Rio Maior (ESDRM) lembrou que não há apenas fatores fisiológicos que expliquem a longevidade de Cristiano Ronaldo, que cumpre 40 anos na quarta-feira, porque “também há a parte psicológica e outros componentes que são extremamente fortes”.

Rafael Oliveira salientou “várias estratégias de recuperação ativa, para além de todo o processo de treino que está inerente”, como as sestas que o futebolista faz, sistemas de recuperação através das luzes LED, luzes infravermelhas, crioterapia e exercícios de baixa intensidade, além dos cuidados com a alimentação e a suplementação alimentar.

“Penso que seja o melhor exemplo de todos em termos profissionais, em que devem ser muito poucas as exceções ao longo da vida do Cristiano em que ele não tenha cumprido estas regras de uma forma muito metodológica. Portanto, a partir daí, consegue-se chegar àquela idade e ainda conseguir ter um excelente desempenho”, referiu.

Rafael Oliveira acredita que a longevidade do jogador dos sauditas do Al Nassr se deve ao muito trabalho – “ele deve ser dos atletas que mais treina” –, mas à sua constituição física, provavelmente com “altos níveis de massa muscular e muito reduzidos níveis de massa gorda”, e também a uma parte genética.

“O Cristiano tem, de certeza, bons índices dessa matéria [genética] para evitar ter tantas lesões, sem dúvida. E há outros jogadores que, por muito que treinem, estão constantemente, ou sistematicamente, lesionados, ou têm mais preponderância para que isso aconteça”, referiu.

Outras questões biomecânicas podem também ajudar a que o avançado luso tenha tido poucas lesões graves ao longo da carreira, como a técnica de corrida, que, “se não estiver bem adquirida desde as bases, portanto, desde os escalões de formação, […] é mais fácil de se ter lesões”.

“Não o analisei, não posso dizer. Há alguns vídeos de análise sobre ele, mas não posso dizer isto a 100%, mas imagino que ele tenha uma técnica [de corrida] muito próxima do perfeito, enquanto há outros jogadores que, provavelmente, têm essas técnicas não tão bem adquiridas, e depois também ficam mais propensos a originar lesões”, afirmou.

Mas o professor da ESDRM, que também tem especialidade em controlo do treino e prescrição do treino, lembra que há fatores não físicos importantes para a longevidade de jogadores como Ronaldo ou Pepe, que se retirou aos 41 anos, pois “é preciso muita força de vontade”.

“Tenho certeza que têm fases em que sentem mais fadiga, mais cansaço, eventualmente mesmo dores musculares, articulares, etc., mas são tão fortes mentalmente e psicologicamente que quererem sempre continuar, mesmo que estejam, se calhar, em determinados momentos em algum desconforto. Depende um pouco de cada um, claro que se não seguirem estas estratégias ou estas rotinas de uma forma continuada, aí sim torna-se muito mais difícil, por isso é que não temos muitos exemplos antes deles que fossem tão além daquilo que seria a idade média de término de carreira de um jogador”, afirmou.

Desde metade da temporada 2022/23 que Cristiano Ronaldo está a jogar na Arábia Saudita, um país com um clima muito diferente do que tinha conhecido até então, com mais calor e humidade, mas Rafael Oliveira refere que o corpo humano “tem essa capacidade de se adaptar fisiologicamente e, às vezes, bastam só períodos, duas, três semanas para se conseguir estar adaptado”.

“Mas falando de uma pessoa como o Cristiano, certamente que ele se conseguiu adaptar. Teve ali aquelas duas, três semanas de adaptação ao clima e depois a partir disso foi sempre melhorar a sua condição física, até estar ao nível que tem desempenhado. Não é algo extremamente difícil de se fazer, mas é aquela questão de ter força de vontade e continuar sempre a manter todas as rotinas que tem criado”, concluiu.

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